As portas das escolas do Grande ABC são, de acordo com as próprias prefeituras, os locais onde mais se para em fila dupla na região. Apesar da constatação, o poder público não fiscaliza essas áreas adequadamente e faz com que as infrações sejam cometidas impunemente pelos motoristas.

Geralmente, o carro fica parado em fila dupla poucos minutos, somente o tempo de os passageiros embarcarem ou desembarcarem. Mesmo assim, contribuem para a piora das condições de trânsito formando filas de carros, principalmente nos horários de pico, quando também são trocados os turnos dos estudantes.

O Diário circulou pela região e verificou, em intervalos curtos de tempo, inúmeros exemplos de descumprimento à lei. Mesmo em locais que passaram por mudanças para facilitar o trânsito, alguns motoristas ainda prejudicam o tráfego.

Na quinta-feira, por exemplo, sem qualquer constrangimento, um motorista permaneceu por oito minutos parado na Rua Manoel da Nóbrega, Centro de Diadema, forçando os outros condutores a entrarem na contramão para desviar. "Eu sei que estou errado, mas estou só esperando meu filho sair", afirmou.

Com o mesmo discurso e desprezo pela lei, na Avenida Nossa Senhora das Vitórias, em Diadema, outro homem estacionou seu carro no meio da rua e desceu para buscar uma criança na porta da escola.

Nas regiões centrais de Santo André e São Bernardo, as mesmas irregularidades foram verificadas. Somente nas três cidades, desde o começo deste ano, 916 multas por estacionamento em fila dupla foram aplicadas.

Segundo as administrações municipais, além de vigiar o trânsito, os funcionários também realizam ações de orientação com os motoristas e aplicam as multas em casos de flagrante ou reincidência.

Durante o período em que o Diário observou o trânsito, nenhuma equipe de fiscalização foi vista circulando.

Para o professor de Transportes da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie João Virgílio Merighi, se as prefeituras identificaram os pontos e os horários onde as infrações são verificadas com mais frequência, não há argumento que justifique a ausência de funcionários fazendo a fiscalização.

"Se nós, como motoristas, fugimos de algumas regiões em determinados momentos porque sabemos que ficarão congestionadas por causa dos que param em fila dupla, o que dirá o Poder Público, que deveria cuidar do trânsito da cidade. É uma obrigação."