Shaft usa como referência o famoso seriado dos anos 70, que deu origem a vários filmes na época. O detetive do filme, John, é sobrinho do personagem homônimo interpretado por Richard Roundtree. Este, inclusive, faz uma ponta nesta versao, como o Tio John.

A escolha para o papel do policial John Shaft do ano 2000 nao poderia ser mais acertada. Samuel L. Jackson cai como uma luva na pele do detetive durao e orgulhoso, que se move facilmente tanto no subúrbio como nas áreas mais elegantes da cidade. É um ator fantástico, com uma força interpretativa incrível, além de impor o respeito que o personagem pede.

A história, como no original, se passa em Nova York. Numa danceteria, o universitário Walter Wade (o inglês Christian Bale, de Psicopata Americano), filho de um empresário poderoso e milionário, começa a irritar um jovem negro por puro racismo. A encrenca termina na rua, quando Walter acerta um golpe mortal na cabeça do rapaz, usando um cano de metal.

A cena é assistida por Diane (Toni Collette, de O Sexto Sentido), a garçonete da boate, mas Walter deixa para ela um bom dinheiro e uma ameaça de morte. Shaft, escalado para o caso, chega ao local. Interroga as testemunhas e descobre a carteira de identidade da moça no bolso de Walter.

A prisao de Walter, assessorado por ótimos advogados, nao dura muito e ele viaja para fora do país. Shaft, no entanto, continua sua busca por provas. Isto significa achar a garçonete que, por sinal, nao quer ser encontrada. Enquanto isso, entra em cena o traficante dominicano Peoples Hernandez (Jeffrey Wright, de Basquiat - Traços de uma Vida).

Peoples é preso por Shaft na mesma época em que Walter volta do exterior e tem sua prisao decretada. Os dois criminosos se conhecem no presídio e unem-se contra o detetive, que também arruma uma parceira: a policial Carmen (Vanessa Williams, de Queima de Arquivo).

O roteiro do filme é ágil, como deve ser todo filme policial, mas o destaque fica para o elenco muito bem dirigido. Jackson, consagrado, dispensa comentários; Bale tem boa atuaçao como um filhinho de papai; Toni Collette, que já foi indicada para o Oscar, volta a ser competente; e Wright, como o caricato Peoples, está irretocável. HHH