Em Double Face (Sony Music, R$ 33 em média), novo álbum de estúdio, Zezé di Camargo & Luciano mesclam composições clássicas do gênero que os consagrou até canções de compositores da nova geração, que flertam muito mais com a música romântica. Cada vertente ficou em um disco separado (vendidos no mesmo volume).

"Era a vontade há alguns anos de voltar a este tipo de música", explica Zezé, irmão mais velho e compositor. Nessa lista, estão músicas como Telefone Mudo (Franco e Peão Carrero) e Ainda Ontem Chorei de Saudade (Moacyr Franco), Noite de Tortura (Chrystian e Ralf e outras imortalizadas na voz do Trio Parada Dura, como Não Quero Piedade e Distante Dela.

A única preocupação de satisfazer a saudade dos clássicos era soar como se o projeto fosse "fim de carreira". "É meio que uma maldição que os artistas acabam carregando", relata Zezé.

A decisão por gravar o duplo encareceu o projeto. "É o dobro de estúdio", explica Zezé. Apesar dos custos mais elevados, o primeira-voz não acredita que o CD está condenado à extinção em função dos downloads - que muitas vezes são feitos sem que se destine direito autoral algum ao artista. "Quando você faz um produto bom e o valoriza, ainda existe mercado. Para se ter ideia, o vinil está voltando nos Estados Unidos. Não é dar um passo atrás, mas encarar a música com um formato de arte", diz.

No segundo disco, só de inéditas, a lista de compositores, tem, além de Zezé, Edson (veja reportagem ao lado) e Nando Reis, entre outros. "Já gravamos com alguns artistas que seria até meio coisa utópica imaginar. Chico Buarque, Roberto Carlos,Caetano Veloso, Bethânia... Eu tenho um sonho, esse talvez impossível: gravar um disco cantando só coisas do Roberto", projeta. (colaborou Miriam Gimenes)