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FrankensteinS apresenta dois personagens insatisfeitos com a própria natureza – e com seus criadores. Jane Eyre (Bete), do romance homônimo, propõe mudanças a sua autora, Charlotte Brontë (Mika). E o monstro de Frankenstein, na pele de Gorgulho, não está contente com sua criadora, Mary Shelley (Clara). “O texto tem um humor maravilhoso, não escrachado nem farsesco, e possui várias dimensões. Trata até da relação pai-filho”, afirma Jô.
Mary mora com o monstro a quem deu vida e que faz as vezes de mordomo. Charlotte bate à porta e revela seu sonho: quer casar e ter filhos como Jane, no livro submissa ao grande amor. Quando esta surge, dá-se o encontro inusitado. “Jane chega para apontar contradições”, diz Bete. “Os personagens exigem mudanças na história deles e a coisa pega fogo, porque se formam dois pólos. Há cumplicidade entre as criadoras e entre as criaturas”, afirma Jô.
A cenografia de Daniela Thomas e André Cortez, a luz de Telma Fernandes e os figurinos de Cássio Brasil tendem ao preto-e-branco. A mobília vitoriana convive com os grandes blocos de papel branco que forram o chão e as paredes. “A peça brinca com clichês, os estraçalha e os torna outra coisa”, diz Bete.
A caracterização de Gorgulho leva duas horas para ficar pronta. “É um monstro humanista, sensível e engraçado”, diz o ator. Não se verá em cena, portanto, aquele personagem ávido por sangue, típico de filmes B. Clara confirma: “Ele é doce, tem anseios filosóficos. Já Mary Shelley é irônica e cínica, nega as mudanças que ele reivindica”. Os figurinos de época de Jane e Charlotte são iguais. “Brinca com as identificações que existem entre as duas”, afirma Jô.
Uma vez que “a peça não é baseada num nível sofisticado ou literário, ninguém precisa conhecer Jane Eyre e Frankenstein para gostar dela. Se conhecer, melhor”, diz Jô. Mika ratifica: “Não é teatro para iniciados”. Para Bete, o monstro de Frankenstein e Jane Eyre, “moça romântica vitoriana”, são “arquétipos”. Logo, afirmam que o público se identifica facilmente com os personagens. “A peça não vulgariza nem cai no hermetismo”, diz Bete.
FrankensteinS – Comédia. De Eduardo Manet. Direção de Jô Soares. Com Bete Coelho, Clara Carvalho, Mika Lins e Paulo Gorgulho. De Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h. No Teatro Cultura Artística – r. Nestor Pestana, 196, São Paulo. Tel.: 3258-3616. Ingr.: R$ 40 (quinta, sexta e domingo) e R$ 50 (sábado).
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