Embora a cúpula petista considere cedo para discutir a sucessao do presidente Fernando Henrique Cardoso, parlamentares do partido avaliam que a corrida presidencial até 2002 será, necessariamente, uma disputa prematura. 'Lula deve definir-se até o próximo ano no máximo``, cobra o senador José Eduardo Dutra (PT-SE). Com o desinteresse de Lula em voltar a concorrer, o PT começa a forjar alguns nomes. Vao de pessoas com experiência em cargos administrativos, como o ex-governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque, a campeoes de eleiçoes majoritárias, como o deputado e líder do partido na Câmara, José Genoíno (SP).
Genoíno já assumiu a candidatura, caso Lula fique, realmente, de fora da briga. O deputado, que há um ano conquistou o quinto mandato de deputado federal com a maior votaçao do país (307 mil votos), avalia que chegou a hora de lutar numa eleiçao majoritária. 'Imagine se a direita tivesse um nome forte como o de Genoíno``, entusiasma-se o deputado Milton Temer (PT-RJ), um dos mais exaltados defensores de uma definiçao imediata sobre a candidatura petista a 2002. Sem Lula, o partido fará uma prévia para escolher a alternativa.
'Se Lula nao retirar a candidatura em novembro, durante o congresso do partido, acabou a discussao. Mas, se deixar de ser candidato, tem que avisar com antecedência para o partido deliberar já``, prega Temer, um dos artífices do confronto com Garotinho. Os petistas, em geral, tendem a minimizar os efeitos dos atritos com o governador fluminense na disputa de daqui a três anos. 'Isto vai ficar restrito ao Rio, até porque em várias cidades a frente de oposiçoes nao terá candidato único``, diz o senador Dutra.
O congresso do partido, marcado para novembro, pode ser o palco dos primeiros embates entre a Articulaçao que reúne, entre outros, Lula, Dirceu e Genoíno - e os grupos de esquerda do partido. José Dirceu nao quer nem ouvir falar na possibilidade de lançamento de Lula a tanto tempo da eleiçao. 'Vamos apenas apresentar saídas para o país``, desconversa o presidente do partido. Genoíno sabe que o dilema vai rodar o PT e que nao será fácil respondê-lo. 'Esta talvez seja a decisao mais delicada que o partido terá que tomar na sua história, pela força que Lula tem``, antevê. 'O partido está numa tensao interna grande por causa do congresso``, reconhece ele.
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