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A zidovudina – nome do sal que compõe o AZT – surgiu em 1965, como alternativa para o tratamento ao câncer. Em 1983, um estudo conduzido nos Estados Unidos apontou a sua importância para o combate à Aids. Até então o AZT era empregado só para o tratamento de doenças oportunistas, que se instalavam no organismo com a debilidade imunológica provocada pelo vírus HIV. O AZT genérico brasileiro seria aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 1992 e lançado no ano seguinte.
Nos anos de 1988 até 1990, a grande maioria dos pacientes com Aids atendidos pelo serviço ambulatorial de infectologia do Hospital Dr. Radamés Nardini, em Mauá, era de homens homossexuais e bissexuais. Hoje, a realidade é diferente. A doença atinge sobretudo pessoas pobres e aumenta cada vez mais sua incidência em mulheres e homens heterossexuais.
O Nardini foi inaugurado em 1986, ano em que a Aids teve seu primeiro grande surto no país, passando de 55 pacientes conhecidos pelo Ministério da Saúde para 152. “Naquela época, o Nardini era referência para Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, pois havia apenas mais um ambulatório público desse tipo na região em São Bernardo”, disse o infectologista Humberto Barjud Onias, que na época atuava no hospital.
Em 1993, o AZT passou a ser droga fundamental no tratamento da Aids, mas ainda com eficiência limitada. Em pouco tempo de tratamento, o vírus se tornava resistente ao AZT e a Aids evoluía até a morte.
“O AZT é sempre a primeira opção na composição do coquetel, pois é o do tipo de droga que penetra na barreira hematoliquórica (barreira que separa o sangue do liquído espinhal, onde o vírus HIV também se aloja)”, explicou a médica infectologista Lucy Vasconcelos, coordenadora do programa de combate à Aids de São Caetano.
Dois anos depois, o coquetel de três medicamentos passou a ser distribuído na rede pública de saúde brasileira. Com o advento do coquetel, mudou o método de tratamento da Aids.
Uma vez diagnosticada a presença do HIV no sangue, os médicos aguardam até que a doença apareça, para começar a terapia com os medicamentos. A idéia é evitar que o HIV, vírus com alta capacidade de mutação, fique resistente às drogas antes do tempo. “Hoje em dia, não se morre mais de Aids, morre-se de tomar remédio”, disse o médico Ricardo Diaz.
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