Medo de sair de casa e também de ficar dentro dela. Esse é o sentimento dos moradores do Jardim Guapituba, em Mauá, em razão dos constantes roubos que vêm acontecendo no bairro, seja a pedestres ou a residências em qualquer momento do dia.

Em grupo formado em uma rede social, onde os munícipes falam sobre o problema, os relatos são quase que diários. A auxiliar de marketing Thayná Cotrim, 19 anos, conta que, em menos de cinco meses, sofreu três tentativas de assalto. “Um ladrão parou de moto em frente à minha casa, pediu o celular e eu corri. Em outra ocasião, tentaram estourar o cadeado do portão, gravei e levei as imagens na delegacia. E a terceira vez foi esses dias, quando eu estava voltando de ônibus, não era nem 22h. Eu ia correr de novo, mas meu padrasto apareceu.”

Os moradores contam que os roubos se intensificaram a partir de dezembro. A filha de 24 anos do casal Juvenal Elias, 52, e Loide Scarpioni Elias, 50, chegou a ser agredida por um criminoso. “O homem a derrubou para pegar a bolsa e deu uma coronhada nela”, lembra o pai da jovem.

A situação fez a gerente comercial Patricia Bermudes Martins, 41, se mudar do bairro. “Morava há mais de 15 anos no Guapituba. Em maio, dois motoqueiros apontaram uma arma na cabeça do meu marido. No dia 14 de junho, quando ele chegou em casa à noite, tinham levado tudo”, fala. “Na semana seguinte, assaltaram a casa do vizinho. No dia 25 me mudei para apartamento no Jardim Pedroso, mas toda minha família mora no Guapituba”, completa.

O bairo está tomado por revolta, o que já causa preocupação. Na terça-feira, alguns munícipes conseguiram imobilizar homem que roubava um carro. A polícia foi acionada, mas o criminoso foi agredido antes da chegada da viatura.

Os moradores pontuam que os criminosos, que estão de moto ou a pé, encontram facilidade para fugirem por meio de passagem, localizada na Rua Cícero de Campos Paiva, que dá acesso ao Parque Ecológico do Guapituba. O local também é utilizado para munícipes cortarem caminho até a estação de trem do bairro e ao Jardim Camila. “A Prefeitura colocou uns tubos de concreto para impedir o tráfego de carros, mas os vãos permitem que os ladrões de motocicleta ou a pé escapem e se escondam na mata. Todo o parque é gradeado, só essa parte que não”, salienta Loide.

A Prefeitura de Mauá diz que há entrave na questão. “Os moradores do Guapituba querem o fechamento total da passagem e os do Jardim Camila, que usam para chegar mais facilmente até a estação de trem, querem que continue aberta. Estão em andamento, junto às Secretarias de Planejamento Urbano e Obras Públicas, tratativas para apresentar solução que contemple toda a população”, informa.

Procurada para comentar os assaltos na área, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado, diz que diversas operações vêm sendo desencadeadas pela Polícia Civil e que há duas semanas seis pessoas acusadas de praticar roubos no bairro foram presas. “Nos cinco primeiros meses do ano, foram detidas 43 pessoas em flagrante na região, o que representa aumento de 38,7% na produtividade das polícias”, pontua. A Pasta destaca ainda que a Polícia Militar intensificará as rondas de rotina. “Com o objetivo de atender as necessidades dos moradores do bairro, uma reavaliação no programa de patrulhamento também será planejada”, conclui a SSP.