Escrever boas histórias que prendam a atenção do leitor e o faça devorar dezenas de páginas em pouco tempo é uma arte, independentemente do gênero literário que o autor tenha mais afinidade. Se no meio da trama elementos reais forem incluídos, além de entreter, a leitura também servirá para informar, abrir os olhos e a mente sobre assuntos que permeiam o dia a dia da sociedade. Autora consagrada no universo dos romances literários nacionais, Lycia Barros faz isso no livro recém-lançado Sem Olhar Para Trás (Ed. valentina, 252 páginas, R$ 35,90, em média).

Agatha, a personagem principal, é como muitas mulheres, sonhadora. Quando conhece supostamente o amor da sua vida, se joga de cabeça na relação. Sem muito pensar, ela vai morar com ele, que aos poucos vai se revelando possessivo e violento. Ela se vê então diante de um casamento infeliz e sem recursos para recomeçar. Quando seu filho nasce e as atitudes do marido começam a ferir a criança, Agatha decide fugir para um velho sítio que herdou de sua família. Lá, se adapta à nova rotina, faz amigos e encontra outro amor. Porém, seu ex-marido não deixa barato, vai atrás dela e ambos precisarão acertar as contas de uma vez por todas.

A violência contra a mulher está em evidência na sociedade atual. Há tempos, muitas corajosas se cansaram de aguentar as agressões – sejam elas físicas ou emocionais – caladas e denunciam seus agressores. Exemplo recente disso é o caso da modelo e atriz Luiza Brunet, 54, que veio à tona no fim da semana.No entanto, mesmo com tanto avanço, o assunto ainda é tabu e muitas escondem a realidade em que vivem por medo e vergonha. “Eu mesma já vi casos de violência contra mulher perto de mim e, como era criança, me senti muito impotente. É impressionante como as pessoas, desde o lançamento deste livro, têm se aberto comigo sobre o assunto. Espero que esta leitura possa ajudar e, de alguma forma, trazer esperança para mulheres que vivem nesta situação”, conta a autora.

TRAJETÓRIA
Formada em Letras, Lycia começou a se aventurar como escritora para vencer uma depressão diagnosticada em 2009. O processo de criação da história durou sete meses e depois disso não parou mais.
Ao todo, já tem 11 livros publicados e o primeiro deles, A Bandeja, Qual Pecado te Seduz?, rendeu a autora o prêmio de melhor romance do ano Codex de Ouro, em 2013, e foi finalista do Areté de Literatura 2011. Além disso, foi lançado em Portugal e África. Como se não bastasse tamanho sucesso, o romance está sendo adaptado para os cinemas e deve ser lançado em breve. “Ainda me belisco às vezes. Só lamento que o processo todo seja tão lento. Minha ansiedade me corrói”, declara. Outras obras estão a caminho, porém a autora ainda não dá detalhes. Só garante que será uma boa história de amor. “Acredito que devemos escrever o que gostamos de ler e eu amo romances”, finaliza.