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Lá no meu bairro...
Bangu tem bar universitário

Com raízes no rock’n roll, o baterista Álvaro Stone, 53 anos, mantém local com drinks lendários, cervejas artesanais e porções variadas

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
14/07/2015 | 07:07
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Anderson Silva/DGABC


O bairro Bangu, em Santo André, abriga campus da UFABC (Universidade Federal do Grande ABC) desde 2005. Na Rua dos Aliados está localizado o Cactus Grill, o destino preferido nos momentos de folga e confraternização dos estudantes.

O dono é Álvaro Stone, 53 anos, natural do município, que montou o negócio há cerca de três anos. Ele trabalhava em escritório próximo ao terreno onde está localizada a universidade. Lá funcionava um posto do Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito). “Nos anos 1980, tinha uma loja que vendia camisetas e discos de rock no Centro. Ela acabou quebrando junto com vários outros comércios após o Plano Collor, em 1990. Foi quando vim trabalhar no escritório.”

Segundo ele, quando ficou sabendo que seria construído uma universidade no local, decidiu investir. “Havia muitos escritórios de despachantes e, com a mudança, a maioria acabou fechando. Essa casa ficou disponível e eu decidi arriscar e montar um bar”, contou,

Atualmente o local funciona de segunda a sexta-feira, a partir das 18h, e nos últimos dias da semana chega a reunir média de 200 pessoas. O espaço tem diversas referências do rock’n roll do acervo pessoal de Stone, como a placa de proibido estacionar por causa do show dos Rolling Stones em Copacabana. Há drinques com o nome de lendas da música como Janis Joplin e Jimmy Hendrix, desenvolvidos pela mulher de Stone. “Minha intenção não foi criar um local temático, até porque tenho outras referências, como Adoniran Barbosa e Noel Rosa, que também eram boêmios. São diversos objetos meus que resolvi trazer para cá para decorar a casa”, explicou.

As cervejas artesanais são a nova aposta do local. Atualmente são 50 rótulos, sendo que apenas dois são importados (cervejas da banda AC DC e Iron Maden). Um dos destaques são as de uma cervejaria de Belém do Pará, que traz frutas típicas como o cajá e o bacuri.

“O público universitário não tem muito dinheiro, a maioria vem para beber a cerveja mais barata. Mas, quando eles sabem que tem, em determinados dias acabam experimentando uma. É um mercado que vem se expandindo bastante”, afirmou.

Para levar o bar para outros locais, há um food truck que vai até cidades do Interior em feiras gastronômicas. Nesse caso, o menu é composto das porções de assados como contrafilé com pasta de gorgonzola, tomates frescos com pão e costelinha suína com molho barbecue e batata. O preço varia entre R$ 15 e R$ 17.

Stone também é baterista da banda de blues Cry Baby. Eles se apresentarão no Festival de Inverno de Paranapiacaba no dia 25, às 19h.

Clínica cuida de idosos com histórias para contar

A Clínica de Repouso Sol da Manhã abriga idosos que não conseguem mais viver sem determinados tipos de cuidados. Entre eles, muitas histórias a contar e conhecimentos a serem divididos.

Geraldo Colen é o interno mais velho. Aos 101 anos, surpreende pela vitalidade. Consegue ler perfeitamente sem óculos e, apesar de ter trabalhado a vida inteira em uma cervejaria, hoje é poeta.

Natural de Minas Gerais, ele veio trabalhar em São Paulo, onde conheceu a mulher e teve seis filhos. Atualmente ele é viúvo e tem apenas dois herdeiros vivos. “Tenho a impressão de que nasci aqui em Santo André. Sou andreense de coração”, disse.

Ele tem diversos poemas, todos guardados na mente. A qualquer momento, quando há inspiração, recita.“Você, mulher, que recebe o dom humano de cuidar de seus filhos. O que seria do mundo sem você? Você é a estrela que mais brilha no céu e por ti eu me ajoelho aos seus pés”, declama ele para todas as mulheres que encontra.

Questionado sobre o que vai querer de aniversário, já que completa 102 anos em setembro, ele é direto. “Não quero nada. Não gosto de presentes porque a gente incomoda os outros. Meu nome é Geraldo Colen, quanto mais velho mais mole”, disse em meio a risadas.

Quem também é conhecido de todo o bairro é Lúcio Henrique Rotondoni, 54. Ele sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) há seis anos e teve todo o lado esquerdo do corpo paralisado.

Ele era operário, natural da cidade de Dois Córregos, e, com a morte da mãe, veio morar com um irmão em Santo André. “Acabou não dando certo e fui viver com outro irmão, mas aconteceu a mesma coisa. Sabendo dessa clínica aqui, decidi vir para cá”, disse.

Atualmente ele passa as tardes na varanda da clínica cumprimentando todas as pessoas que passam na rua. Ele também distribui panfletos da igreja e do restaurante de um amigo. “Sou testemunha de Jeová e levo a palavra de Deus para as pessoas que precisam. Ele cura tudo.”

Sueli montou brechó com roupas do próprio armário

Na Rua Oratório, uma das principais vias do bairro Bangu, está localizado o Mania de Brechó, fundado por Sueli Ramos, 50 anos. O estabelecimento é conhecido em todo o bairro e vende roupas usadas e artefatos antigos.

Sueli, que sempre foi vendedora, ficou desempregada há dez anos. Foi quando viu nas suas próprias roupas a oportunidade de montar um novo negócio. “Tinha muita roupa, algo em torno de 500 peças. Aí decidi que iria vender a maioria delas e abri meu estabelecimento”, relembrou.

Ela afirma que o movimento está um pouco parado, mas que ainda vende bem. O preconceito de muitas pessoas também acaba atrapalhando o andamento do negócio. “Como disse Einsten,é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito. Muita gente acaba tendo nojo e não quer comprar nada usado, porém, garanto que o procedimento é muito rigoroso. Lavo e esterilizo cada peça de roupa que tenho aqui”, disse.

Os itens têm preços baixos se comparados a lojas convencionais. É possível comprar um terno completo por quantias entre R$ 30 e R$ 50.

Alguns objetos também não tem preço definido, como um ferro de passar roupa que veio de Minas Gerais. Segundo Sueli, ele é do período colonial, quando ainda era abastecido com carvão. “Gosto muito dele, até comprei uma flores para enfeitá-lo. Porém, se aparecer alguém interessado a gente conversa.”

O próximo passo de Sueli é modernizar o estabelecimento. Ela comprou um computador para ajudar nas tarefas da loja e vai investir no aluguel de fantasias. Já há algumas peças disponíveis, como uma fantasia de espanhola, que acompanha blusa e saia. O preço é R$ 30.  




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