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Confira nota do Inpe e do Inmet sobre o ciclone 'Catarina'
Por Do Diário OnLine
30/03/2004 | 00:22
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Confira a íntegra da nota do Inpe e do Inmet que explica que o 'Catarina' era um ciclone, e não um furacão como especialistas e o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos classificou o fenômeno meteorológico.

A nota:

"Ciclone Extratropical no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul 29 de março de 2004 O sistema que atingiu Santa Catarina neste fim desemana não foi um furacão. Furacão é um fenômeno que se forma nas águas quentes (temperatura maior que 27°C) dos oceanos tropicais, apresentando temperaturas altas no seu interior e ventos girando em sentidos opostos nos níveis próximos à superfície e em níveis altos, ou seja, cerca de 12 km de altura. O fenômeno que atingiu o litoral de Santa Catarina é um ciclone, fenômeno que apresenta temperaturas baixas no seu interior e ventos girando no mesmo sentido desde a superfície até os altos níveis. O processo de formação do furacão é diferente do processo de formação do ciclone observado. A partir do momento em que apareceu o olho do ciclone e as bandas de nuvens em rotação, surgiu a especulação de que poderia ser um furacão. Na sua fase final de decaimento, de fato, o sistema perdeu seu núcleo frio e passou a apresentar rotação no sentido contrário em altos níveis. Portanto, pode ser concluído que se tratou de um sistema com características híbridas, que deverá ser estudado e analisado com maior profundidade no futuro pelas equipes dos centros meteorológicos.

O ciclone observado durante o fim de semana na costa de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul foi acompanhado pelos centros meteorológicos desde o dia 24, quando uma pequena área de instabilidade atmosférica formou-se a cerca de 1000 km da costa de Santa Catarina, começando a configurar-se com uma circulação ciclônica. Inicialmente, as nuvens na imagem de satélite tinham o formato de uma vírgula invertida, com muita chuva. Os ventos já começavam a ter um giro no sentido dos ponteiros do relógio, típico de um ciclone. Gradualmente, as nuvens passaram a adquirir o formato circular e na tarde da quinta-feira já aparecia o 'olho', ou seja, uma região sem nuvens.

Durante a sexta-feira o ciclone passou a intensificar-se e deslocar-se a 20 km/h aproximadamente na direção do continente. Ventos medidos nas proximidades por navios chegavam a 70-90 km/h. As previsões numéricas indicavam que o ciclone continuaria em direção à costa da Região Sul do país com uma incerteza em relação ao local onde haveria o impacto maior. Os primeiros alertas para a Defesa Civil Nacional foram emitidos na noite da sexta-feira. "Durante o sábado, as imagens de satélite indicavam que as nuvens do ciclone estavam perdendo força e os ventos no mar indicavam velocidades moderadas de aproximadamente 60 km/h. O alerta foi mantido. As previsões indicavam o enfraquecimento do ciclone, porém com a ressalva de que, ao atingir a região costeira, poderia ocorrer intensificação localizada. A região a ser atingida seria desde Florianópolis até o norte do Rio Grande do Sul. "Durante a noite do sábado as primeiras bandas de nuvens atingiram a costa e ocorreu intensificação do sistema na região da Serra Geral Gaúcha e Catarinense. Os ventos do ciclone, ao atingirem a Serra Geral, induziram a intensificação das nuvens que por sua vez favoreceram a ocorrência de ventos fortes em várias localidades.

Entre a noite de sábado e a madrugada de domingo o ciclone atingiu o continente, particularmente as áreas entre o sul de Santa Catarina e nordeste do Rio Grande do Sul, entre Criciúma e Torres. Durante esse período foram observados ventos e chuvas fortes. Pelos danos provocados, pode-se inferir que os ventos chegaram a atingir 150 km/h. No decorrer do domingo as chuvas persistiram sobre as serras gaúchas e catarinenses e o ciclone foi perdendo intensidade gradualmente.

Os avisos da noite de sexta-feira apontavam para o enfraquecimento do ciclone, conforme foi comunicado à Defesa Civil. Foi feita a ressalva de que, ao atingir a costa, poderiam ocorrer intensificações dos ventos e chuvas em locais montanhosos, desde Florianópolis até o nordeste do Rio Grande do Sul, numa área correspondendo a aproximadamente 200 km de costa, ou seja, uma extensa área. A previsão e o monitoramento de eventos mais localizados como o ocorrido depende da qualidade e quantidade de observações, tanto na área continental como na área oceânica, utilizadas em conjunto com previsões numéricas de alta resolução espacial, imagens de radar e satélites meteorológicos."




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