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Novo secretário de Governo de Mauá diz que Alaíde quer moralizar o Paço

João Veríssimo Fernandes afirma que contratos alvo da Operação Trato Feito serão revisados e que não haverá ingerência em impeachment de Atila

Raphael Rocha
06/01/2019 | 07:00
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Montagem/DGABC


Novo secretário de Governo de Mauá, João Veríssimo Fernandes declarou que a prefeita em exercício da cidade, Alaíde Damo (MDB), busca moralizar a situação da administração e já determinou revisão em todos os contratos citados na Operação Trato Feito, deflagrada pela PF (Polícia Federal) em 13 de dezembro e que levou à prisão o prefeito afastado Atila Jacomussi (PSB).

Em entrevista exclusiva ao Diário, Veríssimo comentou que haverá enxugamento da máquina pública e que até comissão de redução do custo foi montada. Ele também disse que o fato de ter sido filiado ao PT nos anos 1980 e ser parente de figuras do petismo de Mauá “não preocupam”.

Anunciado como homem-forte da administração Alaíde na quinta-feira, Veríssimo iniciou seu trabalho na sexta-feira. “Estou tomando pé da situação, tive acesso às situações mais urgentes e, por isso, não é possível traçar diagnóstico aprofundado. Mas é possível falar que a situação não é boa, o que é comum a diversas administrações públicas”, disse. “A máquina está muito inchada. A ideia é enxugar, tanto que até comissão para redução de custos foi montada.”

O novo titular da Pasta de Governo afirmou que o objetivo de Alaíde é moralizar a Prefeitura, cuja credibilidade foi afetada com as duas operações da PF – além da Trato Feito, em maio houve a Prato Feito, que apontou esquema de desvio em contratos de uniforme e merenda escolares.

“A dona Alaíde não tem pretensão de salvar Mauá. Ela trabalha com a perspectiva de ajudar a cidade, de trabalhar para isso. Ela quer moralizar a situação, até porque o próprio desembargador (Mauricio) Kato (do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que autorizou a Trato Feito) disse que havia organização criminosa em Mauá”. Entre as medidas já adotadas – além da criação de comissão de enxugamento de despesa – está a revisão dos contratos citados na Trato Feito, desde a destinação de lixo até locação de veículos.

Sobre a possibilidade de impeachment de Atila – dez pedidos foram registrados na Câmara para cassar o socialista –, Veríssimo assegurou que o governo acompanhará os desdobramentos sem ingerência. “Não haverá qualquer ingerência. Se as denúncias (da PF) forem comprovadas, a dona Alaíde já avisou que não vai continuar (com o modelo de relação com a Casa). O desembargador Kato apontou que a relação entre a Prefeitura e os vereadores foi na base de troca de favores. Se isso se comprovar, não será mantido”, comentou o secretário, que argumentou que, nesta semana, pretende se reunir com os vereadores para apresentar o novo plano de trabalho.

Ex-juiz de Direito com atuação em Minas Gerais, Veríssimo tem passagem pelo Fórum de Mauá. Filiado ao PT no início do partido, em 1980, se desfiliou meses depois para assumir a função no Judiciário mauaense. Ele é filho de Celcina Pereira Fernandes, primeira vereadora do PT de Mauá (ela morreu em 2016), e irmão de Rômulo Fernandes (PT), ex-vereador e com atuação no governo de Donisete Braga (ex-PT, atual Pros).

Indagado se essa relação com o PT traria incômodo à sua atuação no governo Alaíde, Veríssimo descartou qualquer impasse. “Não me preocupa. Não levo isso em consideração”. Ele é casado com Márcia Cristina Pereira Fernandes, que foi procuradora da Prefeitura de Mauá, e se aproximou da família Damo quando defendeu a ex-deputada Vanessa Damo (MDB) em uma ação pessoal.




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