Aumentou pela terceira vez consecutiva o percentual de famílias brasileiras que estão endividadas. Neste mês, 59,8% têm algum tipo de dívida, contra 57,6% em julho. Este é o maior patamar deste ano, porém é menor do que o mesmo período do ano passado, quando o registro era de 62,5%.

Apesar da expansão no número de endividados, a tendência de elevação da inadimplência está direcionada para baixo. Frente ao resultado de julho, agosto apresenta queda de 0,2 ponto percentual, para 7,1%, na fatia da população que afirma que não terá condições de pagar as suas dívidas. No oitavo mês de 2011, o resultado era ainda maior, de 8,2%.

As informações são da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) deste mês, publicada ontem pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

A economista da CNC Marianne Hanson explicou que o aumento das famílias endividadas é um reflexo das medidas de estímulo tomadas pelo governo federal nos últimos meses, como redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a linha branca e automóveis. "Houve crescimento no comprometimento da renda com dívidas, agora as pessoas deixam o consumo um pouco de lado para liquidar as prestações", destacou.

Prova disso é a redução de famílias que possuem dívidas com carnês de lojas. Em agosto do ano passado essa fatia era de 25,6%. Neste mês, segundo a Peic, são 18,9%. "E os carnês estão diretamente relacionados ao consumo de bens", acrescentou Marianne.

Por outro lado, a economista pontuou que o percentual de endividados com financiamentos de veículos subiu em agosto (12,4%). Em julho, 10,1% das famílias tinham este tipo de dívida. Marianne avaliou que o resultado ainda é impulsionado pela redução dos veículos, sem contar a diminuição de juros, que ocorre desde que os maiores bancos que atendem os consumidores iniciaram competição pelas menores taxas.

Dentro do grupo das famílias com dívidas, a economista enfatizou que aqueles que declararam que estão muito endividados é bem mais baixo do que os poucos, consecutivamente, 13,1% contra 26,1%. Entre essas duas classificações, aparecem 20% dos consumidores, revela a Peic. Como ocorre em todos os meses, o cartão de crédito é a principal dívida citada na pesquisa.