Para o vice-líder do governo Alckmin na Assembléia Legislativa, o deputado estadual Orlando Morando (PSDB-São Bernardo), a possibilidade de o prefeito de São Paulo, José Serra, renunciar ao mandato para disputar as eleições à Presidência da República pode soar como uma 'traição' ao eleitor paulistano. "Serra foi eleito com apoio de Geraldo. Além disso, ele vem sendo um bom prefeito. Mas a saída dele poderá gerar frustração e preocupação ao eleitor. As pessoas não elegeram Serra para dar um palanque político para ele ser candidato à presidência. Tenho medo da reação do eleitor dele. Além disso, foi um dos postos políticos mais difíceis conquistados pelo PSDB", alfineta.

Morando - um dos entusiastas da candidatura de Alckmin à presidência - analisa que seria irresponsabilidade o fato do PSDB 'entregar' o comando do Estado e da capital para o PFL, aliado histórico dos tucanos. "Aliado é sempre importante. Se serviu para campanha, serve para outros postos também. Mas ele (Gilberto Kassab) foi eleito para ser vice. As duas renúncias soariam como uma grande irresponsabilidade. Eu não quero acreditar que isso venha a acontecer."

Como o governador já divulgou que irá deixar o Palácio dos Bandeirantes até o início de abril, os pefelistas já têm garantido o comando do governo estadual por nove meses, que ficará nas mãos de Cláudio Lembo. Se Serra também renunciar, a prefeitura poderá ficar sob o comando de Gilberto Kassab.

Nem mesmo o fato de Serra estar melhor posicionado do que Alckmin nas pesquisas o fazem candidato natural dos tucanos, na opinião do deputado. "O Serra teve menos do que Alckmin tem hoje nas pesquisas para ir ao segundo turno com Lula em 2002. A pesquisa hoje é uma foto do momento. Qual seria a estimativa se Serra poderia ganhar ou perder com a renúncia dele? O prefeito tem boa avaliação na capital, mas no Estado tem um índice melhor. A escolha por Serra significa um voto de arrependimento em relação à eleição de Lula, tamanha a decepção que o PT causou à sociedade", acredita Morando.