Para estragar a festa agendada, a Ponte Preta precisa de quatro gols de diferença - ou três e depois levar nos pênaltis. O técnico Gilson Kleina usou a expressão "jogar pela honra" para definir os objetivos da equipe de Campinas (SP).
Várias razões justificam a falta de confiança da Ponte Preta. O Corinthians tem a melhor defesa do torneio e nunca perdeu para a Ponte Preta em casa (quatro vitórias). O time de Campinas chegou à final superando Santos e Palmeiras e segurando a vantagem fora de casa. Neste domingo, terá de ser outra equipe para triunfar, difícil para um esquema tático calcado no contra-ataque.
A diretoria do Corinthians prepara homenagens para os campeões de 40 anos atrás, que encerraram o jejum de títulos na mítica decisão diante da Ponte Preta no Paulistão de 1977. Os jogadores devem exibir os nomes dos heróis da conquista em suas camisas. O clube não confirma, sob a alegação de que se trata de uma surpresa. "Para não criar falsa expectativa se algo não der certo, prefiro não falar as ações", disse Vinicius Azevedo, gerente de marketing.
O departamento queria promover um jogo festivo com veteranos de 1977, mas não conseguiu mobilizar os ex-atletas da Ponte Preta. As lembranças em relação à data são vistas com desconforto em Campinas.
A exibição de um "bandeirão" - financiado pela Nike, fornecedora de material esportivo - nas arquibancadas está confirmada. Projetado para ocupar os dois andares do setor Leste, o mais visível nas transmissões de tevê, a bandeira gigante vai exibir o "Fé alvinegra". Deve ser o ápice dos festejos para as arquibancadas, que estarão em festa desde o início do jogo. Depois dos 3 a 0 na ida, a torcida precisou de apenas 45 minutos para esgotar os ingressos.
DESAFIO - Durante a semana, o grande desafio do técnico Fábio Carille foi evitar o clima de "já ganhou". Manteve a rotina de treinos fortes, fez experiências táticas para substituir Rodriguinho e Gabriel, suspensos pelo terceiro cartão amarelo, e só divulgou na sexta-feira que Cássio seria o capitão da equipe, dentro do esquema de revezamento de líderes que incorporou da filosofia do técnico Tite, seu principal mentor.
Neste domingo, o treinador espera uma partida parecida com a de domingo passado. "É uma equipe que joga em cima de erro, joga em cima de contra-ataque. Para um jogo só fazer tantas mudanças pode ser um risco, espero a Ponte do mesmo jeito", afirmou. Paulo Roberto será escalado no lugar Gabriel. Na vaga de Rodriguinho, autor de dois gols e uma assistência em Campinas, o técnico optou por Camacho.
Quando Fábio Carille diz que espera a Ponte Preta do mesmo jeito, ele quer dizer que o rival vai continuar confiando no contra-ataque. Gilson Kleina vai apostar, mais do que nunca, no trio de ataque formado por Lucca, Clayson e William Pottker. Os três vão pressionar o rival, desde os zagueiros, para tentar roubar a bola e surpreender.
William Pottker, artilheiro do torneio, faz a sua despedida. Depois de quase acertar a sua ida para o próprio rival deste domingo, o atacante acertou com o Internacional e vai disputar a Série B do Campeonato Brasileiro. "Acho que vou deixar boas lembranças. Tive uma boa passagem", afirmou o artilheiro da competição estadual.
O retrospecto é amplamente favorável aos corintianos, mas a Ponte Preta vai buscar forças e motivação em uma exceção histórica. Em 143 partidas entre os clubes, só conseguiu o triunfo por quatro gols uma vez. Foi exatamente em 1977. No dia 13 de fevereiro, arrasou o Corinthians. Ruy Rey, Dicá, Jair Picerni e Parraga fizeram os gols que deram à equipe campineira a sua maior vitória diante do time do Parque São Jorge. Mas o confronto aconteceu no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas. Fora de seu território, nunca fez quatro gols no rival deste domingo.
A confirmação do título representa uma vitória pessoal de Fábio Carille, desacreditado no início da temporada e que só foi efetivado depois que o Corinthians não conseguiu contratar o colombiano Reinaldo Rueda, do Atlético Nacional. Discípulo declarado de Tite, ele confessou que não esperava chegar tão rapidamente a um time grande. "É um sonho, tem hora que a gente pensa em tudo o que está acontecendo tão rápido, em cima de tanta desconfiança. É de emocionar".
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