O mandatário estadual do PDT, deputado federal Paulinho da Força, anunciou que os vereadores de Santo André Cosmo do Gás e Lobo, ambos pedetistas, serão encaminhados à comissão de ética do partido. O dirigente compareceu ontem no gabinete do prefeito Carlos Grana (PT) para reafirmar o apoio ao governo petista e abafar o incêndio criado pelos parlamentares. A saia justa se deve à postura da dupla em votar na oposição na eleição para a presidência da Câmara.

Paulinho fez questão de fazer a "visita cortesia" para declarar publicamente que a direção discorda do posicionamento dos vereadores. O presidente mencionou que, hoje com a lei de fidelidade partidária, os parlamentares ficam obrigados a cumprir com a resolução institucional, avalizada em prol de Grana. "Vereadores têm de se adaptar a isso por bem ou por mal, pois essa é regra clara. Se o partido está fazendo uma coisa e ele não quer tem de sair do partido. O mandato não pertence ao vereador."

A comissão seguirá duas linhas de análise do comportamento dos vereadores. Se houver reconhecimento de erro e manutenção do apoio a Grana por parte de Cosmo e Lobo, a sigla só fará representação para evitar contratempos com a administração, na qual o PDT possui duas secretarias. Caso contrário, em situação extrema de rebelião, haverá arrolamento de processo para pedir a expulsão e perda dos mandatos.

A invertida do PDT sobre o PT no pleito da mesa diretora resultou na vitória da chapa oposicionista, encabeçada pelo vereador Donizeti Pereira (PV). Presente na reunião, o secretário de Governo, João Avamileno (PT), reconheceu que a administração foi pega de surpresa ao confiar na adesão pedetista ao candidato petista José Montoro Filho, o Montorinho, que perdeu por 11 votos a oito para o verde. "Tínhamos a certeza que estava tudo certo. Fomos surpreendidos."

Responsável por parte da articulação, o secretário de Gabinete, Tiago Nogueira (PT), afirmou que o encontro objetivou desconstituir qualquer espécie de "marola". "Não podemos ficar com desconfiança no relacionamento", frisou. Grana destacou que pretende continuar coalizão no governo ao prever disposição dos aliados "em caminhar junto na administração", lembrando também que o presidente local do PDT, Adonis Bernardes, foi nomeado diretor de Trabalho.

Secretário de Cultura, o ex-prefeiturável Raimundo Salles (PDT) sustentou que os vereadores executaram o jogo de forma "desleal, sem ética, ao adotar atitude de estupidez política". "Acredito que fizeram o que tem de pior na política. Aquilo que o (ex-prefeito) Aidan (Ravin, PTB) não fez durante muito tempo, ele acabou agindo agora preocupado com a bandalheira que fez no governo", disse, ao citar que o TCE (Tribunal de Contas do Estado) rejeitou as contas de 2010 do petebista. "Atuou para ver aliviada a situação."

Cosmo rebateu os correligionários ao considerar que a direção está usando os vereadores como moeda de troca por cargos no governo. Segundo o parlamentar, a negociação gerou saldo de 16 nomeações na cota pedetista. "Não fiz nada errado. Nunca houve combinado (sobre presidência). Tem de existir independência entre os poderes, pois ninguém vai colocar coleira em mim."