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Vitória de Kerry beneficiaria Blair, dizem especialistas
Da AFP
12/10/2004 | 16:40
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Uma vitória do democrata John Kerry nas eleições presidenciais dos Estados Unidos não seria um revés para Tony Blair, segundo especialistas britânicos. O primeiro-ministro mantém excelentes relações com a Casa Branca desde que chegou ao poder, em 1997.

Aliado incondicional do republicano George W. Bush no conflito no Iraque, Blair poderia inclusive se beneficiar de uma mudança na orientação política nos Estados Unidos e suas conseqüências sobre a crise no Iraque.

"Em termos de política interna, uma vitória de John Kerry seria mais fácil" para o primeiro-ministro britânico, explicou o especialista em relações internacionais da London School of Economics, Lorde William Wallace. E é provável que se sinta profundamente aliviado, acrescentou.

Apesar do apoio de Blair ao presidente americano no Iraque - para onde a Inglaterra enviou 8,5 mil homens e está encarregada do sul do país, o que inclui Basra, a maior cidade xiita - Bush não lhe fez nenhuma concessão, lembra Lorde Wallace.

Desse ponto de vista, "um segundo mandato de Bush pode resultar embaraçoso" para Blair. As posições do republicano sobre a crise iraquiana não facilitam a busca de uma solução, e o Exército americano é alvo quase cotidiano das ações da resistência e dos grupos terroristas estrangeiros no país.

Entretanto, Lorde Wallace destaca que uma vitória de John Kerry "não facilitaria" as coisas ao nível internacional, e sobretudo no que diz respeito ao conflito israelense-palestino, mais próximo a outros países europeus.

Esse especialista lembra que o governo americano, e principalmente quando é democrata, assim como a opinião pública, apóia tradicionalmente Israel, independentemente do partido esteja no poder.

"Tony Blair demonstrou que é capaz de levar adiante de forma pragmática suas relações com qualquer um que esteja na Casa Branca", opinou a especialista em relacionamento Europa-Estados Unidos na Universidade de Cambridge, Julie Smith.

O chefe de governo britânico manteve uma relação muito estreita com o presidente americano anterior, Bill Clinton, democrata assim como Kerry, cujo partido é mais próximo ao Trabalhista.

Para Tony Blair "seria mais fácil trabalhar com John Kerry que com as pessoas que se opuseram à guerra" desde o começo, apesar de estar "claro que já não haverá uma relação tão estreita como a que manteve com Bush (...), marcada pela guerra no Iraque", afirmou a especialista.

Visto de Londres, capital da Inglaterra, ou o restante da Europa, "um governo Kerry seria preferível, (mas) a continuação de um governo Bush seria o melhor para Blair", acrescentou Smith.

De qualquer maneira, mesmo que Kerry deseje trabalhar com as Nações Unidas e negociar uma solução (para a crise), a situação no Iraque se desgastou tanto que será muito difícil que consiga", acrescentou. A grande questão do momento é como continuar lá sem provocar mais represálias, concluiu.




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