Economia Titulo Ações
País precisa de
plano de longo prazo

Apesar das medidas já anunciadas pelo Governo, a falta de
competitividade reflete problemas como câmbio valorizado

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
11/12/2011 | 07:01
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Apesar de medidas já anunciadas pelo governo para fortalecer a indústria nacional, especialistas avaliam que falta ao País planejamento de longo prazo que permita aos fabricantes ter mais competitividade. Mas há divergências. Enquanto alguns consideram que o governo de Dilma Rousseff está no caminho correto, outros veem apenas medidas de urgência, para apagar incêndios.

Para o professor Celso Grisi, que é coordenador do programa de comércio Exterior da Fundação Instituto de Administração, a teoria econômica mostra que um país com economia sólida importa produtos mais baratos e de boa qualidade e exporta os itens em que têm vantagens competitivas.

Entretanto, ele cita que há manipulações, como no caso da China, que desvaloriza sua moeda em excesso. Ao mesmo tempo, o real valorizado frente ao dólar atrapalha a indústria brasileira. "O efeito combinado disso é o País importar produtos baratíssimos, gerando desindustrialização", cita.

O câmbio é um dos fatores (somado à elevada carga tributária, falta de infraestrutura e de qualificação) que têm reduzido a competitividade da indústria nacional. Atualmente, os produtos do Exterior já respondem por 21% do consumo total de itens industrializados no País. Em 1996, esse índice era de apenas 12,5%.

Para Grisi, o pacote Brasil Maior, lançado em agosto, que desonerou a folha de pagamento de alguns setores, reduziu o Imposto sobre Operações Financeiras, entre outras ações, são "medidas esporádicas, que não formam uma política industrial".

Já para o coordenador do curso de Economia da Universidade Municipal de São Caetano, Francisco Funcia, o governo Dilma instaurou uma nova forma de condução da economia, que olha não só para a estabilidade, mas para o crescimento. E ele contesta que o País passa por desindustrialização. "Os dados não mostram isso a não ser de forma localizada", cita.

O fato é que indústrias como a de óculos, de escovas e a área têxtil encolheram nos últimos anos, com a forte entrada de produtos chineses no mercado, aponta a Comissão de Defesa da Indústria Brasileira.

DECRETO - Até quinta-feira, o governo federal deve publicar decreto referente à segunda etapa do programa de regime automotivo, destinado a elevar a competitividade do segmento. Há a expectativa de que haja redução do Imposto sobre Produtos Industrializados para as montadoras com fábrica no País.

Com o novo decreto, o governo pode tornar mais efetiva a medida que entra em vigor na sexta-feira e que eleva o IPI para os carros que não têm 65% de conteúdo local (componentes produzidos no Brasil ou no Mercosul). Até agora, representantes do ramo de autopeças têm mostrado descrédito de que o segmento será beneficiado.

Petróleo do pré-sal coloca em debate a ‘doença holandesa'

A descoberta de grandes reservas de petróleo na camada do pré-sal colocou, para os economistas, o debate em relação à possibilidade de o País sofrer com a chamada "doença holandesa".

Trata-se de problema gerado na Holanda, no século passado, em consequência de aquele país ter feito descobertas de gás natural. Isso gerou valorização da moeda nacional, por causa do aumento de receita decorrente da exportação de recursos naturais, com o risco de desindustrialização, ou seja, a perda de força da indústria local.

Para o professor Celso Grisi, da FIA, o risco existe na cadeia produtiva do petróleo e na área petroquímica nacional. "Gostaria de ver, com o projeto de pré-sal, que o processo industrial se tornasse mais competitivo, mas não é o que está acontecendo. Tem havido aquisições internacionais agressivas nessa área", afirma. Já na avaliação do professor Francisco Funcia, da USCS, a linha do atual governo tem sido de atuar para que a desindustrialização não ocorra.

 

 




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