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Economistas esperam Ibovespa menos atrativo neste ano
01/01/2010 | 07:02
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Quando analisam opções de investimento para 2010, os especialistas têm duas certezas. A primeira que o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, não terá um novo ano dourado, como ocorreu em 2009, com a estupenda valorização de mais de 80%. A outra é que a taxa básica de juros, a Selic, vai subir, aumentando a atratividade de investimentos conservadores, como fundos que aplicam em contratos de DI (Depósitos Interfinanceiros) e títulos públicos do Tesouro Direto.

Mas os desdobramentos práticos dessas duas certezas são variados. Por exemplo: qual será o ritmo e o tamanho da elevação dos juros? Não há consenso, com projeções para a Selic (atualmente em 8,75% ao ano), que oscilam entre 9,5% e 12% para o fim de 2010. Se os juros subirem lentamente, a atratividade de investimentos conservadores, com exceção da poupança, fica prejudicada.

As opiniões sobre o comportamento do mercado acionário brasileiro também divergem, o que faz com que a alternativa da Bolsa venha embrulhada numa mensagem de cautela. O sócio-diretor do Banco Geração Futuro de Investimento, Wagner Salaverry, prevê alta de 25% para o Ibovespa em 2010.

Para as cerca de 70 mil pessoas físicas que aplicam em fundos e clubes de investimento do banco, ele mantém a recomendação de papéis de empresas produtoras de commodities e do setor financeiro.

MERCADO INTERNO - Para ganhar na Bolsa, será necessário fazer a lição de casa, com análise caso a caso. Quais ações podem dar lucros em 2010? Não há campeões por antecipação, alertam os especialistas. Mas papéis de empresas voltadas para o mercado interno são sempre lembrados como boas alternativas. As compras e fusões de grandes companhias, como as que foram anunciadas durante o ano 2009, devem continuar, turbinando o valor dos papéis das empresas envolvidas.

Na mira desses profissionais, estão os setores de comércio, de bancos e da construção civil. Por trás das incertezas sobre os rumos da economia que influenciarão as decisões de investimento em 2010, há consenso de que o Brasil crescerá de forma vigorosa. Alguns economistas projetam alta de até 6% para o PIB brasileiro.

O crescimento acelerado pode trazer de volta a ameaça de alta da inflação, que pode se aproximar ou superar 5%, mas ainda dentro do intervalo de dois pontos percentuais acima ou abaixo da meta fixada pelo governo, segundo previsões de analistas.

JUROS - Essa dobradinha crescimento-inflação, associada ao aumento de gastos públicos, determinará a velocidade e a intensidade de alta dos juros. "O comportamento da inflação preocupa", diz o economista da LLA Investimentos, Sérgio Manoel Correia, explicando que os negócios com contratos de juros futuros revelavam, em dezembro, expectativa de alta forte e até rápida.

Muitos economistas apostam na elevação da taxa no primeiro trimestre, mas outros apenas no segundo semestre. De todo modo, os economistas lembram que, olhando para o histórico de aumento das taxas, o próximo ciclo de alta deve ser suave. "Não vamos ter mais a remuneração da renda fixa do passado", diz Salaverry.

Poupança alavancada por alta de juros é opção

Os gestores de investimentos estão certos de que o governo Lula não desengavetará, em 2010, o projeto apresentado em maio passado que previa a cobrança de Imposto de Renda para aplicações na caderneta de poupança com saldo a partir de R$ 50 mil. "A medida é impopular e seria usada pela oposição contra o governo Lula", afirma o economista da LLA Investimentos, Sérgio Manoel Correia.

A partir dessa perspectiva, a poupança continua como opção de investimento se a alta dos juros vier suavemente, para quem possui recursos limitados ou pretende usar o dinheiro no curto prazo. Mas, ao contrário, se a taxa subir veloz e intensamente, a atratividade dos fundos DI aumenta.

Os gestores acreditam que os fundos multimercados, campeões em captação em 2009, principalmente pelo movimento registrado nos últimos meses, continuarão atrativos. À medida que podem incluir na carteira de investimentos um leque amplo de ativos, os multimercados apresentam rentabilidade superior a dos fundos conservadores, como DI, renda fixa e curto prazo que patinaram em 2009.




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