Política Titulo S.Caetano
Auricchio diz que 1º escalão atual é melhor que anterior
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
24/08/2009 | 07:03
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Oito meses depois de iniciar a segunda etapa de seu governo, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), diz que agora, depois de quatro anos de mandato, pode ‘errar menos'. Segundo ele, a experiência administrativa é o fato que resulta no número maior de acertos no governo.

Mesmo assim, admite que a cobrança existe, de forma ‘qualificada'. Como exemplo do que considera avanços entre os dois governos, diz, sem nenhum constrangimento, que o secretariado atual é superior ao do primeiro mandato. "A nota média da equipe é maior que a anterior. Você passa a saber as qualidades de cada profissional, que nem sempre você sabe na primeira gestão", diz o prefeito, que também preside o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Ele revela que, ao contrário do que ocorreu em 2005, desta vez deu a palavra final em todos os integrantes do primeiro escalão. "Os partidos aliados indicaram nomes, mas a palavra final foi minha."

O chefe do Executivo também considera ‘preconceito' o fato de que é fácil governar São Caetano, por conta de índices como o IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal), que mostram a cidade como a melhor do Brasil. O petebista não poupa a oposição que, segundo ele, é pouco qualificada. "Se me perguntar se tem consistência, vou dizer que não, mas existe".

O prefeito já vislumbra seu futuro político após deixar o comando do Paço, em 2012: tentará se eleger deputado estadual em 2014. "Considero a Assembléia um fórum interessante, para poder fazer mais pela cidade."

DIÁRIO - O que o sr. considera mais difícil: iniciar uma gestão ou recomeçar, com o segundo mandato?
JOSÉ AURICCHIO JÚNIOR - Nas duas fases há momentos difíceis. Na primeira, até pelo fator experiência, você tem alguma dificuldade de se firmar, de escolher quem vai trabalhar com você. Em um segundo mandato, as cobranças são mais internas. Mas, de uma forma geral, começar a gestão é muito mais complicado. O fator experiência é fundamental.

DIÁRIO - Um prefeito em segundo mandato não pode errar?
AURICCHIO - Pode, só que tem de errar menos. Até porque a equipe de governo é mais experiente.

DIÁRIO - O secretariado atual é superior ao do primeiro mandato?
AURICCHIO - É. A nota média da equipe é maior que a anterior. Você passa a saber as qualidades de cada profissional, que nem sempre conhece na primeira gestão. E hoje tenho a condição de assumir 100% os nomes dos meus secretários, o que não ocorreu no primeiro mandato. Os partidos aliados indicaram nomes, mas a palavra final foi minha. Do secretariado anterior, com algumas exceções, que foram grandes decepções, a média também não foi ruim.

DIÁRIO - E até aqui, seu primeiro escalão tem atendido às expectativas?
AURICCHIO - Tem. Existe uma coisa, que é de segundo mandato, que você tem de estar permanentemente com a equipe, estimulando-a a fazer melhor. O fato é que a tendência natural de um segundo governo, a começar com quem comanda, é achar que você já fez a sua parte. Isso não pode.

DIÁRIO - A cobrança da população agora é maior do que nos primeiros quatro anos?
AURICCHIO - É. A expectativa da sociedade, que te avalizou na eleição, é muito maior. Precisa ser melhor do que foi antes.

DIÁRIO - Historicamente, a população tem uma tendência a sempre achar que um segundo mandato é pior que o primeiro. A que o sr. atribui isso?
AURICCHIO - Essa análise é generalista. Vai de quem comanda. Obviamente que tem hora que você está mais fadigado. Mas eu não tenho expectativa de me acomodar. Tenho de ser responsável com os que acreditaram na minha candidatura. Tenho uma obrigação enorme, que tem de ser a força motriz para o grupo que me acompanha.

DIÁRIO - Como o sr. responde aos que dizem que é fácil governar São Caetano, que é considerada a melhor cidade do Brasil para se viver, segundo IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal)?
AURICCHIO - É lógico que temos indicadores bons, considerados de primeiro mundo, mas problemas existem como em qualquer cidade da região metropolitana de São Paulo. O que talvez possa ser levado em consideração é a proporcionalidade desses problemas em relação a cidades mais pobres. E, se comparadas com cidades mais ricas, há distorções gigantescas. Sempre é fácil governar se você imaginar que está tudo pronto. E o cidadão tem essa consciência, portanto, cobra de forma diferenciada. Temos problemas em vários pontos da cidade, que são iguais, só talvez não na intensidade de Santo André, Osasco, Guarulhos. O que nós tentamos é dar a solução a estes problemas da melhor maneira possível, já que temos uma renda melhor. Mas dizer que é fácil, é tentar desqualificar. É lógico que se você olhar para trás vai perceber que tinha prefeitos que difundiam essa ideia. O Walter Braido era um que difundia a tese de que era fácil governar São Caetano. Ele teve fatores que facilitaram a condução do município, mas inserir isso como conceito da cidade me cheira um pouco preconceituoso, desqualificar quem está à frente.

DIÁRIO - Como o sr. coloca a gestão da Saúde, depois que a administração deixou de ser atendida pela Home Care e agora encara uma situação emergencial por conta da gripe suína?
AURICCHIO - Foram dois acontecimentos absolutamente impactantes. Mas a qualidade do serviço não mudou, porque houve uma mobilização muito grande. Conseguimos em prazo curto trazer a reposição do sistema de Saúde, apesar do trabalho que era exercido pela Home Care. Tivemos de gastar mais para diminuir a chance de risco, mas estamos em um ponto de equilíbrio muito parecido com o serviço que tínhamos antes. Sobre a pandemia da gripe suína, adotamos duas questões rapidamente: investir no que fosse necessário e dar transparência 100% aos casos suspeitos e mortes.

DIÁRIO - Como médico, o sr. acha que foi acertada a decisão da Secretaria Estadual de Educação em adiar o retorno às aulas para evitar a propagação da doença?
AURICCHIO - Acho que não. Para mim, não tinha essa necessidade. Era possível produzir controles epidemiológicos sobre os alunos não necessariamente fechando as escolas. Mas não foi por isso que não fechamos no mesmo dia da decisão anunciada pelo governo estadual. Só fizemos isso no dia seguinte porque o anúncio do secretário foi feito no dia do aniversário da cidade, que é feriado municipal. Não havia como decidir naquele dia.

DIÁRIO - Quais os outros pontos que o sr. entende que precisam ser focados a partir de agora?
AURICCHIO - Existem duas condições urbanas que me preocupam muito. Uma delas conseguimos atender parcialmente na primeira gestão, que é o combate às enchentes, as obras de drenagem. Mas, assustadoramente, neste ano não conseguimos investir um centavo nesta área. Diminuiu brutalmente a capacidade de investimento do município, por conta de arrecadação, que caiu muito. Estamos projetando para o final do exercício perda de 10% a 12% do orçamento, por conta da crise. Mas isso não é um privilégio de São Caetano. Outro compromisso de campanha, que é habitação social, não está no mesmo ritmo que gostaria de dar ao assunto.

DIÁRIO - Como é governar um município que conta com uma oposição pouco atuante, que na prática, não incomoda?
AURICCHIO - Existem oposições qualificadas e pouco qualificadas. A que me faz oposição hoje talvez seja pouco qualificada. No caso de São Bernardo, por exemplo, a oposição é qualificada. Se você me perguntar se tem consistência, vou dizer que não, mas a oposição existe.

DIÁRIO - A três anos da sucessão municipal, o sr. já tem um candidato natural em seu grupo?
AURICCHIO - Essa escolha deverá ser mais para frente, entre um grupo de quatro pessoas, que estão no meu governo. Vamos decidir depois. Mas há dentro do grupo gente que tem afinidade grande com nosso trabalho. Mas prefiro agora não revelar os nomes.

DIÁRIO - O sr. já pensa em seu futuro político?
AURICCHIO - Penso. Com certeza vou continuar ativo na vida pública. Não acho que isso seja fundamental, mas evidentemente gostaria de continuar com mandato. Mas não passa pela minha cabeça concorrer a deputado federal. O que penso é concorrer para deputado estadual em 2014, dois anos depois de deixar a Prefeitura. Considero a Assembléia um fórum interessante, para poder fazer mais pela cidade.




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