Economia Titulo Consumo
Golden Square traz grandes
marcas para São Bernardo

Investidores apostam no potencial de consumo
do Grande ABC e inovam em suas lojas conceito

Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
23/10/2013 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC


Quando as portas de vidro finalmente abriram, uma onda humana se formou e, embalada pela curiosidade e pela saudade, rapidamente inundou os corredores e as lojas do Golden Square Shopping Center.

Emocionada, a aposentada Maria Aparecida da Silva, 76 anos, não escondia o contentamento. “Lembro com muitas saudades do Golden antigo. É como rever um amigo depois de muito tempo. Mais do que um lugar para comprar, a gente ganha um lugar para vir e se distrair”, diz dona Cida, como prefere ser chamada.

E os investidores do shopping concordam com essa sua função. “Hoje, em todas as partes do Brasil, o shopping é um lugar para entretenimento familiar”, diz Marcos Carvalho, presidente da Ancar Ivanhoe, empresa que detém 75% do empreendimento e possui outros 20 pelo Brasil afora. “Mas, especificamente em relação a esse shopping em São Bernardo, o mais surpreendente é a relação (de carinho) da comunidade com um produto que ficou fechado por tanto tempo”, completa.

Desativado em 2007 depois de 19 anos de funcionamento, o Golden Shopping foi uma referência na vida de muita gente. “Eu nem morava tão perto, mas adorava vir a esse shopping. Foi aqui que arranjei meu primeiro emprego. Foi aqui que conheci e me apaixonei pela minha primeira namorada”, conta, nostálgico, o ator Henri Castelli, que é são-bernardense e foi o mestre de cerimônia da inauguração. “Acho ótimo que esse espaço tenha voltado para a cidade renovado, atualizado e tão bonito como está, e ainda por cima gerando 7.000 empregos diretos e indiretos.” O empreendimento, que recebeu investimento de R$ 400 milhões, terá 200 lojas, das quais 80 já estão abertas. Além disso, há 30 quiosques e oito atrações temporárias já em funcionamento. Até meados de dezembro tudo deverá estar funcionando, garante o superintendente do shopping, Cláudio Nembri.

A memória afetiva do antigo Golden se mistura com a visão empresarial bem clara sobre as possibilidades do novo shopping. “Fui um dos primeiros lojistas a comprar espaço, em 2008, quando teve a primeira onda de comercialização das lojas”, conta o distribuidor da CVC para São Bernardo, Anderson Muniz, que confessa ter passado por muito desgaste emocional com a demora. “Quando a Ancar entrou (em 2012), a coisa deslanchou. Mas, mesmo antes disso, nunca pensei em sair do shopping, sempre acreditei no seu potencial.”

Dono de cinco lojas na cidade, Muniz tem grandes expectativas para a do Golden Square, e acredita que vai recuperar o investimento em um ano, bem antes do período de 18 meses de maturação natural de um shopping, segundo especialistas. “Aqui a nossa concorrência não é com agências de viagem, é com as outras lojas”, diz ele, que tem como vizinhos a HP Experience, a MyStore (produtos Apple) e a Samsung.

LOJAS CONCEITO - Com o intuito de encantar os consumidores do Grande ABC, 57,8% das classes A e B, as redes de lojas capricharam nos espaços. Muitas trouxeram para o shopping da Avenida Kennedy suas lojas conceito, que são as mais modernas.

Um bom exemplo é a loja Riachuelo Mulher, que já estava efetuando vendas para os convidados da cerimônia antes mesmo de ela começar. A do Golden Square é a segunda loja de um conceito inovador da gigante do varejo, que pretende criar um ambiente mais acolhedor e divertido para suas clientes.

A Zara, uma das lojas mais desejadas pelos consumidores da região, segundo as sondagens feitas pela Ancar Ivanhoe, não mexeu no seu layout, mas tem um espaço inédito, 2.600 m2, o maior da América Latina. Hoje, no Grande ABC, só o ParkShopping São Caetano possui unidade da marca.

A Sodiê Doces, franquia que tem 135 lojas abertas, inaugurou sua primeira unidade em shopping no Golden Square. “A parceria com a nossa franqueada em São Bernardo é tão boa que me entusiasmei. Criamos o conceito premium para essa loja em shopping, diz Cleusa Maria da Silva, a criadora da marca. “Isso veio da parceria com os nossos franqueados”, diz. “Conhecemos o gosto do pessoal da cidade e isso nos deu a inspiração para sugerir inovações”, completa Denise Guedes, a franqueada.

A fabricante de malas e mochilas Sestini é outra que estreia no Golden Square. “Depois de 20 anos vendendo nossos produtos em multimarcas, decidimos abrir uma loja própria e achamos que a proposta e o público deste shopping eram perfeitos”, afirma o diretor de franquias da marca, Rildo Biazetto.

Renascido com arquitetura e gestão comercial renovadas

Claridade, luz natural e escadas rolantes que formam uma espécie de escultura funcional são alguns dos traços arquitetônicos marcantes do Golden Square Shopping e que podem ser interpretados como uma metáfora da gestão empresarial que deverá conduzi-lo para as alturas da lucratividade.

“Nossa forma de trabalhar é buscar sempre a maior clareza possível com nossos parceiros, e buscar sempre ter uma visão de conjunto”, diz o presidente da Ancar Invanhoe, Marcos Carvalho.

Na avaliação do executivo, a principal razão para o fim do shopping que funcionava ali no passado era a falta de senso de conjunto. “Nosso modelo de gestão de shoppings centers parte da centralização”, diz Carvalho. Ou seja, não só o prédio e os espaços pertencem à empresa, como também a escolha do mix de lojas, de atrações e serviços é feito pela equipe da Ancar Ivanhoe. Algo bem diferente do que existia na Av. Kennedy, 700, até 2007. No formato anterior, a propriedade dos espaços era do lojista, o que complicava a gestão do conjunto.

Hoje, 75% do shopping é da empresa brasileira-canadense Ancar Invanhoe, dona de 21 empreendimentos no Brasil todo, entre os quais o Shopping Eldorado, em São Paulo, e RioDesign Leblon e Barra, no Rio de Janeiro. Os outros 25% são da inglesa Square.

Carvalho admite, entretanto, que o mais difícil no shopping de São Bernardo foi ter entrado no negócio quando ele já havia sido começado. “Esse foi o primeiro caso na história da empresa em que não estávamos no projeto desde o início. Ao mesmo tempo em que isso complicou a dinâmica de trabalho, obrigou a equipe a criar novas competências em termos de flexibilidade.”

Consumidores do futuro ganham várias lojas e espaços

Shopping é um dos passeios favoritos das crianças e, sensíveis a essa realidade, vários investidores apostaram em propostas para os pequenos no Golden Square.

“As crianças sabem muito bem o que querem e só entram em lugares que acham divertido”, diz Priscila Guiov, sócia da Mascolo&Lith Kids, que caprichou no visual lúdico para atrair seus pequenos clientes. “O mercado infantil tem muito potencial e tudo a ver com o ambiente de shopping, onde as crianças ficam mais soltas.” A loja, que é uma sociedade familiar, também apostou no shopping para abrir sua multimarcas para adultos.

Essa visão sobre o tipo de exigência dos pequenos consumidores fez a gigante malharia Marisol desenvolver a marca Lilica&Tigor, que também está presente no centro de compras são-bernardense por meio de franquia.

“Fui à feira de franquias aqui em São Bernardo e fiquei surpresa em ver que ainda havia espaços vagos no shopping. Aí, entre as franquias pré-selecionadas pelo shopping que ainda não tinham investidor, me identifiquei mais com a Lilica&Tigor”, conta a franqueada Cláudia Escanferla, que deixou uma bem-sucedida carreira de executiva na área de TI (Tecnologia da Informação) para empreender.

A Centauro, uma das maiores varejistas de artigos esportivos do País, também está apostando no sangue novo. “Nessa loja vamos desenvolver uma área voltada para os pequenos fãs de esporte”, diz o diretor de expansão Francisco de Oliveira. Pertinho dela, estão dois dos favoritos dos baixinhos: a loja de brinquedos PBKids e o McDonald’s, que abriu sua loja de número 2.000 na América Latina no Golden Square Shopping.
 




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