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Indústria Shellmar, de S.Bernardo, corta 10% dos funcionários
Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
16/05/2005 | 08:22
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A indústria de embalagens flexíveis Shellmar, de São Bernardo, demitiu na semana passada pelo menos 70 funcionários, o equivalente a mais de 10% dos seus 620 trabalhadores. As medidas fazem parte de um ajuste administrativo da empresa, segundo o presidente do Sindicato dos Gráficos do ABC (filiado à CUT), Isaías Karrara.

A indústria vive problemas societários desde o segundo semestre do ano passado, e chegou a paralisar sua produção por 14 dias em janeiro. Procurados pela reportagem, os sócios majoritários da empresa, Cícero Aparecido Costa e Celso Alves, preferiram não comentar o assunto.

A crise da Shellmar acontece num período em que indústria de embalagens no Brasil registra crescimento. Segundo a Abre (Associação Brasileira de Embalagens), o faturamento das empresas de embalagem cresceu 9% em 2004, passando de R$ 23,7 bilhões em 2003 para R$ 26 bilhões no ano passado. Para 2005, a Abre prevê um crescimento da produção de 3%, e do faturamento das indústrias de mais de 11%, alcançando R$ 29 bilhões.

“Está acontecendo uma reestruturação administrativa necessária para que a empresa sobreviva, e essas demissões fazem parte do processo. A Shellmar ainda está ‘inchada’ para a atual produção”, afirma Karrara. Segundo ele, a indústria produz atualmente cerca de 200 toneladas de embalagens por mês – a capacidade de produção é superior a 800 toneladas/mês. “Esperamos que esse número cresça nos próximos meses, até para manter os postos de trabalho”, diz o sindicalista.

A indústria de São Bernardo ainda não pagou todos os salários atrasados dos funcionários, segundo o sindicalista. “Os problemas trabalhistas ainda não foram sanados totalmente. Estamos aguardando a reestruturação da empresa”, afirma.

O pagamento dos salários atrasados de dezembro e a resolução de outras questões trabalhistas foram alvo de negociação no Ministério Público do Trabalho, em janeiro, numa reunião que envolveu o MP, sindicalistas e diretores da empresa. Na ocasião, se estabeleceu um cronograma, para os meses seguintes, de pagamento dos salários em atraso. Parte do acordo foi cumprida, mas salários de outros meses ainda não foram pagos. A média salarial dos funcionários da indústria é de R$ 2,5 mil.

A negociação intermediada pelo MP também definiu detalhes da retomada das atividades da empresa. A parada em janeiro ocorreu em decorrência de um corte na energia elétrica e de dívidas com fornecedores.

Segundo o sindicato, a Shellmar contratou uma empresa especializada em administração empresarial, que estaria gerenciando as atividades da indústria. “Essa empresa está tentando resolver todas as questões envolvendo a produção da Shellmar, já que a retomada de uma indústria que paralisou suas atividades demanda tempo”, afirma Karrara.

Em contato por telefone, os dois principais proprietários da empresa não quiseram comentar as demissões. Cícero Aparecido Costa afirmou não participar mais da gerência da indústria. “Os outros sócios decidiram em assembléia que eu não integraria mais a diretoria da Shellmar. Permaneço como sócio, mas não acompanho mais as atividades da empresa”, disse. “Não vou dar declarações”, afirmou Celso Alves, o outro acionista majoritário.




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