Diarinho Titulo Eles têm poder
Um mundo novo ao virar a página

Crianças se empolgam com descobertas feitas nos livros, sejam eles usados na escola ou lidos em casa

Beatriz Mirelle
Especial para o Diário
23/04/2022 | 23:59
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Divulgação


Os livros têm poder. Neles, um conjunto de palavras nos leva para outra dimensão, nos emociona, nos faz rir e, até mesmo, nos ensina algo para que possamos contar alguma descoberta aos nossos amiguinhos. Entre heróis e vilões, conquistas e batalhas ou enredos que estejam bem próximos da nossa realidade, é possível conhecer um novo mundo a cada página virada.


Beatriz Garcia, 8 anos, do bairro Barcelona, em São Caetano, está no 3º ano do Ensino Fundamental I e comenta que os pais – a assistente financeira Liliane Klai, 42, e o ferramenteiro Wanderson Garcia, 46 – são os maiores incentivadores da leitura. “Eles querem que eu aprenda”, diz. Segundo Bia, como é chamada pelos familiares e colegas, os livros didáticos são os melhores, principalmente os de matemática e português.


Liliane, mãe da Bia, ressalta que a menina tem DPAC (Distúrbio do Processamento Auditivo Central) e demorou um pouco mais para ler. Mesmo assim, isso nunca a impediu de gostar do universo literário. “Ela ainda precisa de ajuda para compreender certas palavras. Antes, já pegava alguns livros na biblioteca itinerária da escola e trazia para lermos juntas. Agora, gosta de ler em voz alta e ainda faz a própria conclusão.”


Isadora da Silva, 11 anos, do Jardim Ângela, em São Paulo, começou a ler com frequência há três anos, como forma de passar o tempo. “Gosto de livros que viraram filmes e séries. Amo o livro da banda Now United”, diz, referindo-se ao grupo musical de pop criado em 2017. No momento, ela está lendo A Importância dos Animais Marinhos. “Peguei emprestado na biblioteca da escola e achei interessante porque tem várias curiosidade e fala dos motivos para não jogar o lixo no mar”, conta.


A professora Ana Silvia Moço Aparicio, gestora do Programa de Mestrado em Educação da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), explica que a literatura traz diversos benefícios às crianças. “Quando elas estão ainda na educação infantil, o hábito de ler ativa a imaginação. Além de ajudar no desenvolvimento, contribui em aspectos linguísticos. Elas aumentam o vocabulário e aprendem sequências lógicas de narrativa e fatos. Ajuda na criatividade e também melhora a relação social e a interação com o outro.”


Há também quem diga que não se deve escolher um livro pela capa, mas as crianças discordam. Imagens são fundamentais na hora de levar um exemplar para casa, dizem.


“Gosto quanto tem várias páginas diferentes e é colorido. A história da Chapeuzinho (Vermelho) é a mais legal. As da Turma da Mônica também”, comenta Liz Leite, 5 anos, que mora no Jardim do Estádio, em Santo André. Toda noite, Samara Leite, mãe da Liz, conta uma história para ela antes de dormir. Além disso, existe um projeto chamado “Roda de Leitura” na escola da Liz. Na quarta-feira, ela pegou o livro A cor de Coraline, de Alexandre Rampazo, para que um adulto pudesse ler para ela no fim de semana.


“As ilustrações são essenciais para essa fase de crescimento. Para os mais pequenos, a gente fala também da leitura com imagens. As cores são uma das formas que os pais e profissionais podem utilizar para despertar esse gosto”, reforça Ana Silvia.


Para as crianças que não gostam tanto de ler, a estratégia é comprar livros que combinem com outros assuntos que sejam mais interessantes para elas. “Se gostam de jogos, é melhor presentear com uma obra relacionada a esse conteúdo. Outras gostam de brincar com rimas; então, escolha poesia.” Segundo a especialista, o importante é ter a sensibilidade para notar quais são as preferências.

PALAVRAS QUE CURAM
Nascida e criada no Parque das Nações, em Santo André, a escritora Kiusam de Oliveira foi alfabetizada pela mãe. Quando a filha tinha 4 anos de idade, ela aconselhou-a a começar a escrever suas próprias experiências. “Sempre vi muito valor nas letras. Com ela, aprendi a observar as pessoas e entender que nossos corpos se comunicam a todo tempo.” A autora andreense encontrou no gênero infantojuvenil uma forma de elevar a autoestima de outras pessoas e trata sobre ancestralidade, diversidade e autoconhecimento em suas obras.


De acordo com Kiusam, que escreveu O Mundo no Black Power de Tayó, que a ONU (Organização das Nações Unidas) colocou entre os dez livros mais importantes do mundo em direitos humanos, a literatura tem o poder de curar e possibilitar a criação de uma identidade baseada no respeito.


Livros com temáticas que envolvem representatividade podem potencializar a formação e melhorar a convivência das crianças com outras pessoas. “Isso fortifica a existência da diversidade. É um processo de humanização e de reforçar que todos precisam ser tratados de forma amorosa, apesar das discriminações que existem no mundo”, diz Kiusam, que também escreveu Com Que Penteado Eu Vou e Black Power de Akin. 




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