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Falsa descoberta tira prestígio da arqueologia japonesa
Do Diário do Grande ABC
06/11/2000 | 12:52
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A falsificaçao praticada por um de seus mais famosos representantes, que reconheceu que havia fabricado vestígios de casas de ``600 mil anos de antiguidade', empana a reputaçao da arqueologia japonesa, desprestigiada por este escândalo.

O arqueólogo Shinichi Fujimura, 50, está no banco dos réus. Seu rosto constrangido, no momento em que apresentava desculpas, ocupa a primeira página de toda a imprensa japonesa, que, como o jornal Asahi Evening News, anunciou em manchete este ``escândalo na arqueologia'.

Fujimura foi demitido imediatamente pelo Instituto Paleolígico de Tohoku, instituiçao privada da qual era vice-diretor.

A fraude do famoso arqueólogo foi desmascarada por um jornal, o Mainichi Shimbun, que o fotografou durante uma madrugada quando estava enterrando fragmentos de objetos pré-históricos em um local onde depois ele e seus colegas deveriam fazer escavaçoes, em Kamitakamori, perto da cidade de Sendai (a 300 km de Tóquio).

Alguns dias depois, o arqueólogo chamava a atençao da imprensa ao anunciar a descoberta de vestígios de casas do período paleolítico de mais de 600 mil anos de antiguidade.

A descoberta foi amplamente comentada pela imprensa do Japao, país sumamente apegado a seu patrimônio histórico e em que a arqueologia goza de um grande respaldo popular e político. Por exemplo, sao realizadas escavaçoes arqueológicas sistemáticas antes de cada grande obra pública.

O caso Fujimura pode mudar essa situaçao. ``As investigaçoes japonesas sobre o período paleolítico terao de ser totalmente modificadas', estimou o Mainichi. Efetivamente, Fujimura, chamado de ``as maos de Deus' por sua habilidade em descobrir sítios arqueológicos, trabalhou em cerca de 160 escavaçoes ao longo de mais de 20 anos.

O ministro da Educaçao, Tadamori Oshima, anunciou esta segunda-feira uma investigaçao sobre a credibilidade de suas descobertas. ``Se conseguirmos esclarecer os fatos, sua reputaçao talvez nao seja totalmente empanada', disse o ministro.

Efetivamente, o arqueólogo afirmou que só havia enterrado falsificaçoes nos dois últimos sítios arqueológicos em que trabalhou, alegando que fez isso em razao da ``obrigaçao de resultados' que pesava cada vez mais sobre ele.




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