A perda de força na inflação do setor industrial do atacado, de 2,55% para 1,38%, foi o principal fator que reduziu o ritmo de alta da primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) de julho, que subiu 1,55% frente a alta de 1,97% apurada em igual prévia do mesmo índice em junho. A informação é do coordenador de Análises Econômicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), Salomão Quadros.

O resultado ficou dentro das estimativas dos analistas, que esperavam resultado entre 1,28% e 1,71%. Esse cenário acabou por derrubar a inflação do setor atacadista, medida pelo IPA (Índice de Preços por Atacado), de 2,35% para 1,97%. Segundo Quadros, os preços dos produtos industriais foram influenciados por desaceleração de preços em óleo diesel (de 10,04% para 0,55%) e queda de preço em minério de ferro (de 27,56% para -0,04%), da primeira prévia de junho para igual prévia em julho.

O economista lembrou que os preços desses dois produtos pararam de subir, visto que o impacto dos reajustes no diesel e no minério de ferro, realizados no primeiro semestre, respectivamente, pela Petrobras e pela Vale, já foi quase completamente captado pelo IGP-M.

Outro fator lembrado por Quadros foi o comportamento no preço do arroz, que registra queda após subir durante meses no atacado. É o caso das movimentações de preços em arroz beneficiado (de 7,60 para -3,05%); e arroz em casca (de 9,17% para -4,98%). Esse produto contou com problema de demanda maior do que oferta, há alguns meses, mas agora a oferta começa a se ajustar à procura - o que levou à redução de preços.

Quadros comentou que a taxa menor da primeira prévia foi influenciada pelas desacelerações de preços no varejo, medida pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor), de 0,60% para 0,42%; e na construção civil, apurada pelo INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), de 2,72% para 1,38%.

Mas foi o setor atacadista o maior responsável pelo aumento mais fraco de preços medido pela primeira prévia do IGP-M esse mês.

A inflação dos alimentos seguiu pressionada na primeira prévia de julho, com aceleração de preços dos produtos agropecuários no atacado (de 1,82% para 3,49%) e aumentos de preços importantes no varejo, como o do feijão carioquinha (9,12%).

Segundo Quadros, isso é preocupante. As elevações de preços dos alimentos que foram registradas no índice são persistentes, e podem continuar a impulsionar avanços nas taxas.