Utilizando-se de informações pessoais, grupo especializado em estelionato tem aplicado o chamado ‘golpe dos precatórios’ (reconhecimento judicial de dívida do ente público) em servidores (ativos e inativos), a princípio, de Santo André. A ação fraudulenta da quadrilha já levantou – no período de três meses –, ao menos, o valor de R$ 71,86 mil em depósitos bancários, efetuados por credores da cidade que foram ludibriados, na esperança da liberação dos recursos.

Ao todo, 13 pessoas – em sua maioria, idosos – confirmaram ter sido prejudicadas financeiramente pela ação. Em contrapartida, no mínimo, outras oito desconfiaram da medida e denunciaram o caso. O método do golpe consiste em entrar em contato, por telefone, com o beneficiário, passando-se por representante legal e anunciando-o como nome contemplado da ‘lista’. Com os dados particulares do credor, que constam na ação, o grupo fornece conta bancária, geralmente no Nordeste, e solicita antecipação do custo do processo, incluindo também tributos. Menciona, por fim, a saída do repasse integral em breve.

Em média, o pedido da quadrilha se aproxima de R$ 3.000. Sete pessoas, por exemplo, confiaram na situação, depositaram valor similar e caíram na fraude. Em um dos casos, no entanto, o credor adiantou a quantia de R$ 38 mil. São quase 10 mil precatorianos no município. “Estamos elaborando estudo completo para entregar nos próximos dias à polícia e fazer BO (Boletim de Ocorrência) destes episódios que chegaram até nosso escritório. Os criminosos ligam de vários telefones (de São Paulo) diferentes e com informações (nomes e documentos), que são públicas, conseguem executar o golpe”, alegou Fernando Stábile, responsável por fatia de cerca de 2.800 clientes-precatorianos.

“Recebi ligação de cidadão com sotaque nordestino. Disse-me que havia sido liberada a segunda e última parcela do meu precatório, de R$ 82 mil. Solicitou (verba) por conta da emissão de três certidões para não ser cobrado IR (Imposto de Renda), o valor de R$ 2.998”, disse uma das vítimas, que preferiu não se identificar, porém não pagou o requerido.

A Associação dos Funcionários Públicos publicou no site da entidade um comunicado para alertar sobre o problema. “A associação, sindicato, Pedro Stábile e outros advogados não ligam para nenhum credor pedindo para depositar dinheiro alegando que é para recebimento mais rápido. Se, por acaso, você receber ligação de algum advogado pedindo dinheiro para antecipar o depósito do precatório, tenha certeza que é algum golpista querendo lhe roubar”, avisa. Os criminosos ainda não foram identificados.

OPERAÇÃO LÁZARO
A PF (Polícia Federal) deflagrou, em junho, a Operação Lázaro contra grupo que executava saques fraudulentos de precatórios da Justiça Federal. No Estado, três cidades da região estão no rol: Santo André, São Bernardo e Diadema. A quadrilha selecionava dívidas disponíveis para saques, preferencialmente de falecidos, ‘ressuscitando-os’ mediante a falsificação de documentos. Estima-se desvio de R$ 10 milhões.