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Móveis Bartira perde R$ 2 mi por dia com paralisação

Funcionários de indústria de S.Caetano estão em greve por mudanças na jornada de trabalho

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
23/05/2019 | 07:10
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Os 1.500 trabalhadores da indústria de móveis Bartira, localizada em São Caetano, completam hoje três dias de paralisação. A audiência de conciliação realizada ontem no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) entre a empresa e o sindicato representante dos funcionários terminou sem acordo, e a previsão é a de que a greve se estenda até o dia 3 de junho, já que após essa data há expectativa de um julgamento da greve pelo órgão. Cada dia de paralisação equivale a R$ 2 milhões de prejuízo para a empresa, ou seja, o montante, que hoje está em R$ 6 milhões, pode chegar a R$ 24 milhões se o movimento completar 12 dias.

Caso a greve continue, a perda para a empresa será maior do que a contabilizada durante todo o ano passado (R$ 40 milhões), devido ao baixo desempenho econômico, o que levou ao cancelamento de um turno. As informações são da própria Bartira e foram citadas na audiência no TRT, que disponibilizou a ata à equipe do Diário.

Os trabalhadores reivindicam jornada de trabalho de segunda a sexta-feira, sendo que atualmente eles também operam aos sábados. Na audiência, a companhia afirma que o atual modelo é o que atende às necessidades de produção, e que há carregamento e saída de mercadorias aos sábados. <EM>Em contrapartida, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Caetano, que também representa os da indústria mobiliária, alega que há grande número de atestados médicos (cerca de 1.500 por mês) por motivo de doença profissional, além de afastamentos, e que os trabalhadores preferem que a compensação do sábado seja feita durante a semana, como era realizado em 2015. A entidade inclusive cita que já foram feitos diversos abaixo-assinados para resolver o assunto.

O desembargador Rafael Pugliese, que presidiu a sessão, propôs duas soluções. A primeira foi a de que os trabalhadores suspendessem a paralisação por 45 dias, período em que os funcionários trabalhassem de segunda a sexta-feira.

Como a empresa negou, ele recomendou que, durante o mesmo intervalo, os funcionários trabalhassem em regime de compensação alternado (um sábado sim, outro não). A Bartira, mais uma vez, não concordou com a proposta e a audiência foi encerrada.

De acordo com o presidente do sindicato Edison Bernardes, que compareceu à audiência, já era esperado que a companhia tivesse essa postura. “Pelas negociações e conversas que tivemos antes da paralisação, nós já imaginávamos que eles não cederiam. Mas conseguimos mostrar que a postura da empresa não vai levar a nada, precisamos conversar. Agora vamos esperar o julgamento (da paralisação) e, enquanto isso, a greve continua. A empresa tem até o dia 28 (de maio) para juntar documentos, depois disso, o sindicato até 3 de junho para a defesa, quando é esperado que a data do julgamento seja marcada.”

Mesmo assim, para Bernardes não é descartado que a Bartira solicite outra audiência de conciliação durante o período. Na manhã de hoje, o sindicato comunica os funcionários sobre o conteúdo da reunião em assembleia na frente da empresa e, na sequência, eles seguem em passeata até a Casas Bahia do Centro de São Caetano.

Questionada, a Bartira manteve o posicionamento de que todas as escalas e os horários de trabalho são praticados conforme legislação e convenção coletiva de trabalho vigentes, e estão compatíveis com a necessidade de produção da empresa. “Portanto, não haverá alteração da jornada semanal nesse momento. A companhia reforça, ainda, que se mantém disponível ao diálogo, como sempre o fez, para debater reivindicações de seus colaboradores e as entidades sindicais.”

Atualmente, os funcionários trabalham em dois turnos, (7h30 às 15h50 e das 15h50 à meia-noite) nos seis dias da semana. Desde outubro de 2018, a empresa cancelou o terceiro turno por causa das dificuldades na economia. Na reunião, a empresa questiona o acordo coletivo de 2015, feito pela instituição do turno, e que redefiniu a jornada para a praticada hoje. A entidade alega que o mesmo não foi levado a registro e, anteriormente a isso, já existiam três turnos de segunda a sexta.  




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