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Milagreiros estão por vir
Beto Silva
19/05/2016 | 06:00
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A classe política tem uma característica interessante a qual o eleitor deve ficar cada vez mais atento. Quando o homem público está com a caneta nas mãos e/ou ancorado em cargo eletivo, dificilmente expõe a real situação da máquina administrativa, os problemas a serem enfrentados e, por consequência, ficam de fora do conhecimento da população os autênticos projetos a serem implementados. Oposicionistas, por conveniência e obrigação, dão luz a algumas verdades. Mas também não explanam com sinceridade o plano a ser executado em caso de vitória nas urnas. Aí entra a responsabilidade do eleitor, de analisar cada proposta, buscar informações sobre os assuntos, contrapor, fazer valer seu voto. Caso contrário, prevalecerão as falácias e as enganações. Porque poucos políticos terão coragem de dizer que serão quatro anos difíceis que teremos pela frente. As arrecadações das Prefeituras tendem a cair, os repasses estaduais e federais devem diminuir. Os índices de investimento com recursos municipais, que já são baixos, também sofrerão queda. É diante desse cenário que as propostas têm de ser colocadas. Qualquer promessa mais suntuosa deve ser analisada com ceticismo. Não existe milagre em administração pública. Porém, durante as campanhas eleitorais aparecerão centenas dizendo-se milagreiros. E não será preciso ter aceso a toda obra do filósofo escocês David Hume (1711-1776), conhecido por suas teses contrárias a fenômenos sobrenaturais, para identificar os ‘candidatos a santo’.

Bastidores

Fala muito!
<EM>Depois da saída da presidente Dilma Rousseff, o PT propõe uma ‘volta às origens’, com guinada à esquerda. Isso incluiu mais parcerias com partidos do campo socialista e menos com os de centro e centro-direita, como vinha ocorrendo. Cogitou-se rompimento total com o PMDB. Assim, alianças com os peemedebistas nas eleições de outubro seriam proibidas. Mas na reunião do diretório nacional, terça-feira, ficou definido apenas que a legenda não apoiará candidatos que votaram pelo impeachment ou que apoiaram publicamente o impedimento. O PT sabe que sozinho ou só com a esquerda fica muito enfraquecido. Ou seja, nada mudou. A reação está só no falatório.

Recuo do recuo
Prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB) queria derrubar o prédio histórico da Fábrica de Sal para construir um shopping. Pressionado pelo opinião pública, desistiu da ideia. Agora, volta a defender o empreendimento. Parece estar perdido. Dizem que o episódio é o retrato da administração desde 1º de janeiro de 2013.

Hã?
Saulo disse com todas as letras: “A grande maioria dos vereadores não entende o projeto (de transformação da Fábrica de Sal e shopping). São burros”. Os parlamentares reagiram de maneiras diferentes. Uns acharam graça, outros disseram que o peemedebista está no seu direito de criticá-los, outros ainda afirmaram não vestir a carapuça. No todo, não compreenderam que foi afronta e desrespeito ao Legislativo como instituição. Nos corredores da Câmara, os mais maldosos frisam que o prefeito está certo no adjetivo aos integrantes da Casa.

Estratégia familiar
O vereador de Mauá Wagner Rubinelli (PT) cogita não concorrer à reeleição e lançar como candidato seu filho Fernando, advogado e ex-assessor parlamentar, que está no PDT. Para o petista, a coligação proporcional PT-PTB-PRB que está sendo desenhada tende a reduzir a bancada do seu partido e ele pode afetado. Com o filho, garantiria cadeira à família.

Paternidade
Vereador da oposição de São Bernardo, Pery Cartola (PSDB) diz ter votos necessários para colocar em votação, em regime de urgência, projeto de lei que cria hospital público veterinário na cidade. Tem alguns apoios de governistas, inclusive. O parlamentar está otimista. Ressalte-se, porém, que a propositura é considerada inconstitucional pelo setor jurídico da Casa, pois não é atribuição dos legisladores fazer projetos que gerem despesa à administração. O tucano quer aparecer, portanto, como ‘pai da criança’ caso o prefeito Luiz Marinho (PT) implante a unidade. 




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