Dados mostram criação de 2.504 postos de trabalho em agosto, sendo 1.345 no comércio
Desde o início da pandemia, em março, a retração no mercado de trabalho está presente nos dados do emprego formal do Grande ABC. Porém, em agosto, a região começou a dar os primeiros passos para a retomada neste índice, já que o saldo (admissões menos demissões) ficou positivo, com a geração de 2.504 postos com carteira assinada. O comércio foi o setor que mais impulsionou a reação.
Os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) foram divulgados ontem pelo Ministério da Economia e tabulados pelo Diário. Na região, ocorreram 17,5 mil demissões e 20 mil admissões no último mês (veja mais informações na arte acima). Neste ano, o último mês positivo para a região foi fevereiro, com saldo de 2.067 postos de trabalho – em janeiro foram 1.377. Porém, desde março os resultados eram negativos e chegaram ao ápice em abril, com 18.336 dispensas. Entre as sete cidades, Santo André foi a responsável pelo melhor resultado em agosto (positivo em 699), enquanto Rio Grande da Serra foi a única com queda (-17).
O resultado mensal foi impulsionado pelo comércio, que registrou 1.345 registros. A indústria (722) e a construção civil (714) também obtiveram resultados positivos, mas o setor de serviços, importante gerador de emprego na região, continua no vermelho, com saldo de 277 demissões.
De acordo com o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Pedro Cia Júnior, a maioria dos comércios ficou fechada no início da pandemia e agora, com horário estendido de de abertura, “muitos deles tiveram que fazer a readequação do quadro de funcionários, já que tinham demitido lá atrás”, disse.
O resultado da região em agosto foi o melhor para o mês desde 2011, quando tinha registrado saldo de 2.942.
Mas, apesar da recuperação, o ano de 2020 ainda amarga as consequências da retração econômica. De janeiro a agosto, foram fechados 30.934 postos de trabalho com carteira assinada.
“Com a abertura da economia, naturalmente ocorre a melhoria dos indicadores de emprego”, afirmou o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. Porém, avalia que, apesar disso, a população desempregada deverá aumentar.
Ele citou os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que apontam que a taxa de desocupação no Brasil foi de 13,8%, no trimestre de maio a julho de 2020, a maior da série histórica, iniciada em 2012. “Outro efeito da abertura é que mais pessoas estão procurando emprego, que antes não estavam devido ao isolamento físico. Tem o efeito da redução do auxílio emergencial (que foi de R$ 600 para R$ 300), então a tendência de desemprego é de alta”, analisou. “O número do Caged é bom, mas não parece ser uma tendência firme para os próximos meses.”
Cia Júnior destacou que a confiança do consumidor vem sendo retomada, mas que a consolidação das vendas e a retomada do emprego “só devem acontecer definitivamente em 2021.”
No Brasil, os dados registraram a geração de 250 mil empregos em agosto, o melhor resultado nacional para o mês desde 2010.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.