A indústria automobilística brasileira acelerou em março, apesar dos aumentos de preços e da taxa básica de juros mais elevada. Foram vendidos no primeiro trimestre deste ano cerca de 371 mil veículos, 4,8% a mais que em igual período do ano passado. É o melhor desempenho de vendas para o primeiro trimestre desde 2001.

O resultado é positivo para o Grande ABC, responsável por 25% da produção de automóveis e de 59% da construção de ônibus e caminhões do Brasil. Mantidas as perspectivas atuais, o setor automotivo deverá atingir um crescimento de 5% na produção sobre os 2,2 milhões de unidades fabricadas no ano passado, que ostenta o recorde de produção.

Somente no mês de março, as vendas somaram 149,5 mil veículos zero km vendidos, crescimento de 30,19% na comparação com fevereiro e de 5,7% ante março de 2004. Os dados foram divulgados ontem pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), que toma como base o cadastro de licenciamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).

Entre as explicações para os bons resultados, na avaliação dos concessionários, estão os lançamentos de modelos e os eventos promocionais com taxas de financiamento atrativas.

O vice-presidente da Fenabrave e presidente do Sincodives (Sindicato dos Distribuidores de Veículos do Estado de São Paulo), Octávio Leite Vallejo, avalia que, devido às promoções, as vendas financiadas de veículos não sofreram redução, mesmo após as sucessivas altas do juro básico (a Selic) do Banco Central. Tradicionalmente, em torno de 70% das compras de carros feitas pelos consumidores são por financiamento.

Vallejo fez a ressalva de que março teve 22 dias úteis enquanto o mês anterior, apenas 19. Para ele, os dias úteis a menos e o Carnaval em fevereiro explicam em parte a alta expressiva por essa comparação.

Boas perspectivas – Os concessionários tiveram motivos para comemorar. Na Volkswagen Savol, de Santo André, houve crescimento de 15% no volume vendido em relação a fevereiro, com o total de 150 unidades de novos comercializadas no mês. "Os feirões e as taxas atrativas deram uma ajuda boa", afirma o gerente Edimar Vieira de Lima. Ele acrescentou que a expectativa em torno do utilitário CrossFox, que foi lançado há poucos dias, também gerou fluxo de público à loja. O modelo para pronta entrega chega na revenda na próxima semana.

A rede Ford Sandrecar também registrou expansão nas vendas, de 12% na comparação com o mês anterior. As três lojas da rede (em Santo André, São Bernardo e Mauá) comercializaram em março 259 carros zero km. O gerente de vendas da concessionária, Sebastião Lira, atribui a melhor performance à linha de veículos da marca e ao impulso dado por promoções de fábrica e da própria Sandrecar, entre outros fatores. As taxas promocionais têm surtido efeito. "O financiamento cresceu, apesar das decisões do Banco Central", afirma. A rede vai fazer um feirão nos próximos dias 9 e 10 na loja de São Bernardo.

Já as concessionárias Chevrolet de toda a Região Metropolitana de São Paulo (incluindo as do Grande ABC), em parceria com a General Motors, realizam neste final de semana a ação promocional intitulada Breca Varejo. As lojas da marca ficaram fechadas ontem para reabrir hoje e amanhã com inúmeras ofertas aos clientes, como condições especiais de preços, prazos e taxas. Entre as promoções, o cliente poderá comprar o modelo Chevrolet Celta 2005 com motor 1.0 VHC na versão intermediária Spirit pelo mesmo preço da versão de entrada.

Ranking – No ranking total de vendas de zero km no mercado interno, a Volkswagen lidera no trimestre, com 24,3% de participação nas vendas. Em seguida vem a Fiat, com 23,1%, e em terceiro a General Motors, com 19%. Nos dados da Volks estão incluídos caminhões e ônibus, que Fiat e GM não fabricam.

A Ford se mantém em quarto lugar, com 13,4% de participação no total vendido.   Se observadas as vendas apenas de automóveis e comerciais leves no trimestre, a Fiat assume a primeira colocação (24,6%), a Volkswagen fica em segundo (23,5%) e a General Motors permanece na terceira posição (20,1% de fatia). Por esse critério, a Ford, em quarto, tem 13,2% de participação. Já na área de caminhões, Volkswagen está na frente (31,38%) em uma disputa acirrada com a Mercedes Benz, que tem 30,7%. Mais atrás está a Ford (18,4%).