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Dólar dispara com a saída de Sergio Moro e fecha em R$ 5,66

Alta de 2,40% leva moeda norte-americana ao maior valor nominal da história; bolsa de valores termina o dia com queda de 5,45%

Flavia Kurotori
Yara Ferraz
25/04/2020 | 00:02
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Celso Luiz/DGABC


O pedido de demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, em meio a acusações graves contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), abriu nova crise política no governo e impactou diretamente na economia. O dólar fechou a R$ 5,66 – o maior valor nominal da história –, em alta de 2,40%, tendo chegado a R$ 5,74 na máxima da sessão. Já a bolsa de valores terminou com queda de 5,45%, aos 75 mil pontos.

O dólar já vinha em movimento de alta diária no nono dia consecutivo de ganhos para a moeda norte-americana. No ano, o dólar acumula aumento de 41,12%, enquanto o real é a moeda com pior desempenho, considerando os principais mercados, em ranking da Wagner Investimentos.

Enquanto isso, na bolsa, o Ibovespa ficou perto do circuit breaker (o dispositivo que paralisa o pregão é acionado quando o índice cai 10%) ao cair 9,5% no momento em que Moro concedia coletiva de imprensa em Brasília . No fim do dia, o índice se recuperou, mas fechou no prejuízo.

No mercado, já se fala em um dólar no patamar de R$ 6, com pouco espaço para recuo abaixo dos R$ 5. A bolsa também deve sofrer bastante com a volatilidade nos próximos dias, embora a visão geral seja de que os ativos brasileiros já estão em nível próximo do piso. Tudo isso, no entanto, vai depender do tamanho da recessão brasileira em 2020, que, segundo as previsões, deverá ser “bem forte”.

Para o economista e coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, ficou claro que o presidente da República perdeu as condições de governabilidade. “Há dois dias que praticamente não se fala do coronavírus e tivemos número de mortes muito alto nesse período. Então, está se esquecendo da questão principal. Criou-se mais um problema causado por quem deveria apresentar soluções neste momento. Esta tensão vai continuar enquanto não se resolver o problema Jair Bolsonaro, que se tornou o principal problema do País”, analisou.

PONTO NEGATIVO
Na avaliação de Norberto Perrella, diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Santo André, o pedido de demissão do ministro Sergio Moro pode não interferir diretamente na atividade industrial no curto e longo prazos, contudo, é “mais um ponto negativo” para o governo de Jair Bolsonaro. “Fica difícil montar o planejamento dos negócios e aumenta a desconfiança de quem estava ou tinha intenção de investir no País”, observou. Ele destaca que o mercado mudou a visão que tinha da China após o início da pandemia, o que abriria caminho para o Brasil em diversos setores.

Anuar Dequech Junior, diretor titular do Ciesp Diadema, analisou que a saída do ministro é “mais um susto” que interferiu no dólar e na bolsa de valores. Entretanto, no momento, a principal preocupação da indústria é relacionada à quarentena. “Temos uma situação seriíssima com o coronavírus e temos que voltar a trabalhar tanto quanto possível para não piorar um cenário que já está bem complicado, evitando demissões e fechamento de empresas.”

O presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, lamentou a saída de Moro. que classificou como “desastrosa” para o País. “Ele, que foi um ministro competente, honesto, como nunca houve nesse ministério, com certeza fará falta. Principalmente para combater a corrupção, que ainda amedronta o nosso País”. (com Estadão Conteúdo) 




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