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Carro popular gasta R$ 7.896 por ano
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
26/03/2006 | 08:13
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A expressão "carro é uma família" - quando o assunto é custo para se manter um veículo - há tempos deixou de ser apenas um exagerado dito popular. Segundo o IMC (Índice de Manutenção de Carro), medido pela Agência Autoinforme, a despesa média de quem possui um veículo seminovo 1.0 quitado na Grande São Paulo fechou 2005 em R$ 658 por mês - R$ 7.896 por ano. Ao considerar a renda do trabalhador - de R$ 1.161, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) - conclui-se que essa "família" consome mais da metade do salário mensal.

A situação é ainda pior para os proprietários de carros médios - com motorização acima de mil cilindradas. A pesquisa revela que, nesse caso, a despesa é de R$ 804. Já quem circula com uma picape movida a diesel desembolsa por mês R$ 754, em média, enquanto uma picape a gasolina engole R$ 878 do orçamento mensal. O levantamento nem chega a comparar os gastos de carros importados ou utilitários esportivos, com os quais as despesas com manutenção e seguro são ainda maiores.

Embora o método da pesquisa da Inflação do Carro considere uma cesta de 48 produtos e serviços automotivos em 60 estabelecimentos do ramo na Região Metropolitana de São Paulo, o combustível desponta sempre como o grande vilão do índice - à frente de impostos, seguro, manutenção preventiva, lavagem, entre outros.

"O gasto com álcool e gasolina representa mais da metade do total das despesas. Sempre que há um aumento, a inflação acompanha, ou vice-versa", explica o consultor de mercado da Autoinforme, Joel Leite. "Não é o caso, por exemplo, do encarecimento de uma correia dentada, velas de ignição ou pastilhas de freio, já que essas peças representam pouco no contexto geral porque são substituídas apenas a cada 40 mil quilômetros", completa.

Logo atrás dos combustíveis, aparecem os impostos. Tributos têm grande participação nos gastos para sustentar um veículo, segundo o IMC. Os reajustes aplicados sobre o IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), DPVAT (seguro obrigatório) e licenciamento, por exemplo, foram responsáveis por 52% da inflação de 2004 - 11,29%.

Aumentos - Se o avanço dos gastos para manter um veículo já assustam, o consumidor deve se preparar para novos aumentos neste ano. Isso porque os altos reajustes dos álcool combustível - que encareceram na bomba também a gasolina - deverão puxar a inflação nos próximos meses.

"Os reajustes maiores começaram no início de março, por isso ainda não constam no IMC, que calculou as despesas de fevereiro. A próxima pesquisa já vai indicar qual o tamanho do impacto desses aumentos no gasto com manutenção de carros", acrescenta Leite. "Com certeza, será um forte aumento."

Culpados - Para o caminhoneiro Dorival Poletti Pacco, de Santo André, a expressão "carro é uma família" está ultrapassada. "O carro gasta mais que uma família, sem dúvida. Percorro uma distância de apenas 20 quilômetros por dia e gasto cerca de R$ 700 por mês. Isso porque meu carro é popular e cuido dele, assim como da minha filha", reclamou Pacco, enquanto fazia alinhamento e balanceamento de rodas em loja especializada em serviços automotivos.

Segundo ele, o combustível é o que mais pesa no bolso. "Concordo que os impostos são altos, mas nada se compara ao preço da gasolina. Além disso, toda vez que alguém ergue o carro para checar as peças por baixo, é dinheiro que vai embora", completa o caminhoneiro.




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