Com duas Olimpíadas na bagagem, o fundista Hudson Santos de Souza, da BM&F / São Caetano, é um dos brasileiros com chances de conquistar medalha em Pequim, em agosto. Aos 31 anos, o atleta vai representar o Brasil nos 1.500 metros, além de tentar conseguir o índice para disputar os 5.000, em provas na Europa, em julho.

"Se eu tiver em um bom dia [nas Olimpíadas], eu posso conquistar uma medalha, mas a gente nunca sabe. Qualquer coisa pode prejudicar o atleta", explicou Hudson. Ele ainda afirmou que em Pequim terá vários atletas quenianos naturalizados representando outros países, o que deixa a prova mais difícil.

Nas duas Olimpíadas anteriores, Hudson não conseguiu medalha, mas lembrou que em ambas passou por momentos peculiares. "Em Sidney [2000], eu era muito novo e fiquei assustado com aquele estádio lotado. Já em Atenas, eu estava com uma lesão e nem era para eu correr".

Mesmo sem medalha, Hudson disse que em Sidney, na Austrália, teve um momento especial. "Eu consegui realizar um grande sonho: minha mãe [dona Antonieta] conseguiu me assistir em uma Olimpíada", afirmou. Dona Antonieta morreria um ano depois dos Jogos.

Aliás, seus pais sempre o incentivaram para disputar o atletismo, que nem sempre foi a primeira opção quando era garoto, em Brasília, sua cidade natal. "Eu fiz caratê, judô, entre outras coisas. Mesmo com minhas dúvidas, eles acreditaram em mim", recordou.

Após algumas tentativas, aos 12 anos, ele migrou para o atletismo, mas na modalidade ‘salto em altura'. Depois, ele passou a correr os ‘800 metros', porém, quase desistiu. "Na aula de educação física, eu praticava o esporte apenas três vezes por semana. Nos treinamentos, era a semana inteira. Foi uma regra muito dura que o professor João Sena impunha".

Hudosn afirmou que levou mais a sério o atletismo quando começou a perceber que seria sua fonte de renda e era o que mais gostava de fazer. "Ainda novo, eu fui campeão do centro-oeste. Então, em 95, em vim para São Paulo treinar", afirmou. Depois, ele entrou para o cenário nacional e conquistou três medalhas de ouro e uma de prata em Jogos Pan-Americanos - Winnipeg (1999), Santo Domingo (2003) e Rio (2007), nos 1.500 e 5 mil metros.

Agora, para conquistar a primeira medalha em Jogos Olímpicos, Hudson tem um trunfo, ou melhor, dois: suas sapatilhas, uma de cada cor (branca com uma listra bege e outra com as cores vermelha, amarelo e verde). "Eu as uso desde o Pan do Rio. Espero que dê sorte em Pequim também", brincou. "Uso um pé de cada par e tenho uns cinco, todos com as mesmas cores", garantiu.