Num tempo em que as station wagons caíram no ostracismo no Brasil, os utilitários esportivos e crossovers são os modelos que mais traduzem o conceito de carro familiar.

Entre janeiro e dezembro de 2011 os dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) apontam que os SUVs tiveram 255.625 unidades vendidas, enquanto as peruas - grandes e médias - somaram amargos 68.978 emplacamentos.

Outro fator que contribui para o aumento das vendas (resultado da migração dos consumidores), é a demanda por novidades. Entre elas, está o Compass - modelo de entrada da Jeep que chegou ao Brasil há menos de dois meses e é o primeiro modelo da marca sem tração 4x4.

Para ver como o veículo se sai frente à concorrência, decidimos convocá-lo para este comparativo contra o Kia Sportage, que passou a oferecer motorização flexível no início de fevereiro. Vale dizer que, na ideia original, a equipe do Diário contaria com o novo CR-V, não disponibilizado pela Honda.

Por R$ 99,9 mil, o exemplar da Jeep abre vantagem para o Sportage, que custa mais barato na configuração P.575 - parte de R$ 95,4 mil. A versão estampada ao longo desta página é a P.587, que traz alguns itens a mais, como o teto solar duplo panorâmico e a câmera de ré, por exemplo.

Entre as semelhanças, ambos contam com motor 2.0 (flexível só no Sportage), tração 4x2 e tamanho da carroceria - exatamente os mesmos 4,45 metros de comprimento e 2,64 metros de entre-eixos.

Mas o Sportage distribui melhor o espaço, proporcionando mais conforto aos ocupantes - quem vai no centro do banco de trás do Jeep é incomodado pelo túnel central, que (por ainda servir de base para um porta-copos) deixa pouquíssimo espaço para as pernas.

Em compensação, a viagem é mais tranquila a bordo do Compass, que tem suspensão mais confortável - como sugere a proposta desse tipo de veículo. O Kia bate seco quando passa em qualquer buraco ou valeta.

No desempenho, ponto para o Kia, que rende até 178 cv com etanol no tanque, enquanto o Compass gera 156 cv. O torque do Sportage segue a mesma linha e é maior que o do rival, além de aparecer mais cedo (veja dados na ficha técnica). Ambas as transmissões estão longe da excelência, mas o CVT do Jeep (cuja tecnologia AutoStick simula seis marchas) trabalha um pouco melhor do que a caixa de seis marchas do Kia, que fica devendo em retomadas.

Visualmente, apesar de ter linhas saltadas na carroceria, que exibem a definição de seus músculos, o Jeep puxa mais para a robustez do que para a modernidade. Ao contrário do Sportage, que ganhou verdadeiro banho de loja ao passar pelas mãos do renomado designer Peter Schreyer, criador de modelos como os Audi TT e A3, por exemplo. Nem precisa falar qual dos dois chama mais a atenção nas ruas, né?

A lista de equipamentos fica relativamente balanceada, vai do consumidor optar por itens como sensor de estacionamento e CD player com entradas auxiliar e USB, de série apenas no Sportage, ou pela conectividade bluetooth e sistema que auxilia as partidas em rampas, disponíveis no Compass.

Veredicto

Como exigem os consumidores, qualquer veículo inserido na categoria SUV deve primar pelo espaço e lista de equipamentos, sem abrir mão do desempenho. Por isso, o Kia Sportage leva o troféu para casa.