Cultura & Lazer Titulo Teatro
Seres em busca de resposta

Depois de longa temporada no Rio, Miguel Thiré
estreia peça 'Superiores' hoje na Capital paulista

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
12/01/2010 | 07:00
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Explicar as relações pessoais, bem como entender a mecânica da hierarquia e o funcionamento da subordinação na condição dos homens, talvez não seja tarefa das mais fáceis para meros mortais.

Em uma linguagem onomatopéica, por meio de recursos gestuais, e contando com personagens humanos, extraterrestres e pequenos animais para conversar sobre o assunto, o Grupo In-Animados entra em cartaz, hoje, no Espaço Parlapatões, em São Paulo, com a peça "Superiores", na tentativa de compreender a questão de maneira diferente.

A montagem, que chega a São Paulo após longa e aclamada temporada nos palcos cariocas, concorreu ao prêmio Shell 2007, na categoria especial pelo trabalho de pesquisa teatral desenvolvida e é dirigida pelo ator Miguel Thiré, neto de Tônia Carrero e filho de Cecil Thiré.

Experimental desde o começo, o texto foi criado por processo colaborativo, através de improvisações e pesquisas diversas realizadas pelos componentes do grupo. De forma cômica, conta a história de seres que vivem as mesmas situações por perspectivas diferentes. O homem que tenta proteger a ecologia - mas pisa em formigas após usá-las como estandartes da preservação - é o mesmo que, posto em contato com seres interplanetários, dobra-se desesperado pelo encontro com o desconhecido, que aparentemente tem poderes superiores aos seus.

Em busca do ‘grande Mestre do Universo' em comum, esses distintos seres travam disputas de poder, enquanto lutam pela sobrevivência e, na maior parte das vezes, fracassam em seus intentos.

FÓRMULA DA COMPREENSÃO - Os atores fazem às vezes dos homens e dos não humanos. Cada um tem uma linguagem individualizada e repleta de onomatopeias. Para facilitar o entendimento do enredo, palavras-chaves decifram as falas. Entre os personagens, o entendimento é nulo, o que remete à história da Torre de Babel.

Corporal e tecnicamente, a peça apresenta inovações, como a utilização do corte cinematográfico em cena. Separados em três grupos, personagens realizam trocas das equipes com um dinamismo e uma sincronia que sugerem um corte brusco como os que se vê nas telas.

Sem cenografia, pela dificuldade de captação de recursos, o corpo do ator transforma-se em extensão cênica, virando árvore, ovnis e outros objetos.

A sonoplastia também é resultado da criatividade do grupo, que busca soluções que estejam ‘à mão' para realizar seu trabalho. Sons como sopros e batidas, produzidos pelos próprios personagens, no desenvolvimento das cenas, pontuam a história.

Quem já tentou entender a influência e a relação do poder entre os seres pode encontrar a resposta dessa busca na linguagem não completamente humana da peça, que demonstra que a igualdade entre as diferenças é o início do estabelecimento do homem.

Superiores Teatro. Estreia hoje, às 21h. Espaço Parlapatões - Rua Capote Valente, 72, São Paulo. Tel.: 3061-9799. Terças-feiras, às 21h. Até 23 de fevereiro. Ingr.: R$ 30.




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