Andres Leunberger, que integra a delegaçao econômica suíça chefiada pelo ministro da Economia, Indústria, Trabalho e Agricultura, Pascal Couchepin, que ficará no Brasil até a próxima sexta-feira, enumerou ainda outras queixas dos empresários suiços com relaçao ao Brasil: altas taxas do imposto de importaçao, falta de cumprimento à Lei de Propriedade Intelectual, e elevado índice de nacionalizaçao exigido para se produzir no país.
Segundo ele, os 60% exigidos como índice de nacionalizaçao sao muito elevados e dificultam a atuaçao das empresas estrangeiras que importam peças e componentes para fabricar bens com maior valor agregado.
O ministro da Economia, Pascal Couchepin, reforçou o interesse da Suiça em investir no Brasil, especialmente porque o país - na avaliaçao dele - pode se tornar uma importante plataforma de exportaçao para os países do Mercosul e da América Latina. Ele lembrou que a Suiça é o quinto investidor estrangeiro no país, com um total de US$ 6,1 bilhoes aplicados até o ano passado. Reconheceu, contudo, que, apesar de esse valor representar quase 10% do total de recursos suiços feitos no exterior, o volume de investimentos está estagnado.
"Esperamos dinamizar nosso relacionamento com o Brasil a partir desta visita", afirmou.
Pascal Couchepin também ressaltou a importância da aplicaçao da Lei da Propriedade Intelectual para que mais empresas suiças se sintam atraídas a investir no país. Conforme ele, apesar de todo o arcabouço legal existente a legislaçao, bastante complicada, nao é cumprida pelos tribunais. Entre as empresas que já estao atuando no Brasil se destacam a Nestlé, Novartis (maior empresa agroquímica e farmacêutica do mundo), Roche, Holdercim, Clariant e Elevadores Atlas.
Na área financeira também há forte presença suíça no país, sendo que somente no ano passado, com a compra do Banco Garantia pelo Crédit Suisse os investimentos nesse setor foram de US$ 1 bilhao.
Durante a visita à CNI, onde foi recebida pelo presidente em exercício, deputado federal Carlos Eduardo Moreira Ferreira (PFL-SP), a delegaçao suiça ouviu uma explanaçao sobre a economia brasileira. O chefe da Unidade Econômica da CNI, José Guilherme Reis, falou sobre as medidas adotadas pelo governo para enfrentar as crises asiátias e russa, bem como sobre as perspectivas para os próximos meses. Lembrou que os efeitos externos sobre a economia interna nao foram tao desastrosos como muitos esperavam.
José Guilherme Reis informou à delegaçao suiça que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) deverá ficar em menos de 1% este ano e que a inflaçao permanece sob controle. Observou também que a recessao nao deverá ser aprofundar e que a flutuaçao do câmbio adotada pelo governo em fevereiro passado foi bem sucedida. Ressaltou, contudo, que o país ainda precisa controlar seu déficit público e fazer um ajuste fiscal de longo prazo para cumprir integralmente as metas acertadas nas negociaçoes com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A visita da delegaçao estrangeira a CNI foi marcada pela assinatura de um memorando de entendimentos firmado entre a Secretaria de Estado da Economia (SECO) da Suiça e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), vinculado a CNI. Esse acordo permitirá a instalaçao de um centro para o fomento de produçao mais limpa no País. Esse centro estará localizado na Escola Senai Suiço-Brasileira, que atua na área de mecânica de precisao desde 1973. Este é o quinto centro para o estímulo à tecnologias que respeitam o meio ambiente em países emergentes ou em desenvolvimento implementado com o apoio da Suiça.
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