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Grupos pró-queda de Dilma vão às urnas com outra fala

MBL e Vem Pra Rua se pregavam apartidários, mas seus líderes serão candidatos; especialista vê prejuízo

Daniel Tossato
01/10/2018 | 07:00
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Ricardo Trida/Arquivo DGABC


 Movimentos e outros atores políticos que se diziam apartidários durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) decidiram lançar candidaturas na eleição deste ano. A mudança de postura de grupos como MBL (Movimento Brasil Livre) e Vem Pra Rua, protagonistas na queda da petista, em 2016, deve virar fatura a ser cobrada nas urnas. Cientista político consultado pelo Diário a respeito do tema, Marcos Vinicius Macedo Pessanha acredita que o eleitor vai exigir saber de líderes dessas agremiações os motivos que os fizeram alterar a rota política.

O MBL nasceu no fim de 2014, na esteira de movimentos que pararam o País no ano anterior, iniciados pela redução do preço das passagens do transporte público. O Vem Pra Rua surgiu no mesmo ano do MBL. Os dois grupos sustentavam discurso de apartidarismo e negavam a política tradicional, fatores que resultaram em aumento considerável no número de simpatizantes.

Líder do MBL, Kim Kataguiri tornou-se celebridade – principalmente nas redes sociais –, pelos discursos ácidos contra o PT e contra Dilma. Apareceu, na sequência, em fotos com os políticos tradicionais que dizia combater, como Eduardo Cunha, então presidente da Câmara e figura central no processo de impeachment da petista.

Todos os holofotes provocaram a candidatura de Fernando Holiday para a Câmara de São Paulo. Pelo DEM, Holiday se elegeu vereador, com 48.055 votos. Foi o pontapé inicial para que o MBL mergulhasse de vez no processo eleitoral. Neste ano, Kim é candidato a deputado federal. O MBL paulista aposta também em Arthur do Val, do blog Mamãe Falei (também crítico ao petismo), para a Assembleia.

“O MBL é grupo já constituído politicamente. Acredito que essa mudança de discurso pode atrapalhar um pouco como a mensagem chegaria até o eleitor. A pessoa que está apta a votar gosta de receber informações sem ser dúbia”, avalia Pessanha. “Somente pela escolha de um partido, a situação do discurso apartidário acaba não sendo concretizada”, emendou.

Para Márcio Colombo, coordenador do MBL no Grande ABC, o movimento nunca adotou discurso apartidário, se colocando sempre como suprapartidário. “O que acontece é que precisamos de partidos para lançar candidatos. Infelizmente é assim que funciona a política no Brasil. Ainda não se pode lançar candidatura avulsa.”

Outra figura projetada nos protestos contra Dilma foi Rogério Chequer, um dos líderes do Vem Pra Rua. Ele se desligou recentemente do grupo, se filiou ao Novo e é candidato ao governo de São Paulo. “O Vem Pra Rua nunca se colocou de forma apartidária, mas sim suprapartidária. Tinha partido em relação a ideias, mas nunca com relações a partidos políticos. O MBL apoiou o (João) Doria (PSDB, a prefeito de São Paulo), por exemplo. Tem uma grande diferença”, afirmou Chequer, que revelou ter saído do movimento para se tornar candidato.

Nesta lista também pode-se incluir a jornalista Joice Hasselmann, que atuou na revista Veja. Dizendo-se apartidária, ficou conhecida por discursos contestadores ao PT. Agora, busca vaga de deputada federal pelo PSL, cujo presidenciável é Jair Bolsonaro.


(Colaborou Fábio Martins)




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