Documento redigido pelo coordenador regional do PSDB, Márcio Canuto, questionando a falta de empenho de tucanos do Grande ABC no segundo turno da eleição ao governo do Estado, vencida por João Doria (PSDB), gerou crise no tucanato. O texto, que exime o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), pede também intervenção no diretório do partido em Rio Grande da Serra.

Canuto relata que houve passividade das principais lideranças da legenda em cidades-chave da região, como Santo André e São Caetano, além de relatar que boa parte do tucanato de Rio Grande, orientada pelo prefeito Gabriel Maranhão (sem partido), pediu votos para o atual governador Márcio França (PSB), rival de Doria na etapa final do pleito. Embora expulso do PSDB, Maranhão ainda tem forte influência no diretório local, presidido por Luís Castilho, seu secretário de Administração.

Na avaliação, o coordenador regional citou que apenas Morando se engajou firmemente na campanha de Doria, oferecendo estrutura e disponibilizando militância, em horários fora do expediente, para pedir votos ao governador eleito. Morando era um dos coordenadores gerais da campanha do ex-prefeito paulistano ao Palácio dos Bandeirantes.

Um dos mais revoltados com a carta de análise eleitoral é o vereador Professor Minhoca (PSDB), de Santo André, que neste ano concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa. Minhoca lembrou que Doria venceu em Santo André (teve 202,1 mil votos, contra 168,3 mil de França), enquanto o tucano perdeu em São Bernardo (208,9 mil a 196,2 mil a favor do socialista). Também criticou Canuto, ao dizer que ele, como coordenador regional, em vez de defender as candidaturas do partido no Grande ABC, atuou como cabo eleitoral exclusivo da deputada estadual eleita Carla Morando (PSDB), mulher de Morando.

“Ele (Canuto) não tem um passarinho para dar água, por isso quer aparecer. Já que tem tanta força assim, me expulse”, disparou. “Eu devo satisfação a Carlos Sampaio (PSDB, deputado federal reeleito) e Pedro Tobias (presidente estadual do PSDB). Também faço parte do time do Beto Vidoski (PSDB, vice-prefeito de São Caetano) e do prefeito Paulo Serra (PSDB, de Santo André).”

Canuto rebateu as críticas. “Fiz simples relatório falando da atuação na região. Não cito nome de ninguém no relatório. Não tem por que expulsá-lo (em referência a Minhoca). Falo especificamente no segundo turno. Todos coordenadores do PSDB estão fazendo um relatório”, comentou. “Tínhamos vereadores do PSDB ajudando o Márcio. Não vou tapar o sol com a peneira.”

O documento será apreciado formalmente na reunião da executiva estadual do partido na segunda-feira, em São Paulo.