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Conheça os vinhos da Rota da Uva, em Jundiaí, no interior de São Paulo
Thalita Ribeiro
Do Rota de Férias
12/11/2018 | 16:18
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Jundiaí, no interior de São Paulo, conquista os visitantes com a Rota de Uva. O passeio, que já faz sucesso há três anos, pode ser feito de carro ou transporte público (o importante é sempre lembrar de não beber e dirigir!). As frutas cultivadas na cidade são usadas para produção de vinhos locais e outras delícias que podem ser provadas durante o tour.

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Rota da Uva no interior de São Paulo:

Com 54 quilômetros de extensão, o roteiro turístico passa por diversos bairros de Jundiaí, como Caxambu, Colônia e Toca e Roseira. Ao todo, são 10 adegas, quatro lojas especiais e nove restaurantes. É possível fazer o passeio sozinho ou optar pelas agências que guiam os turistas. A associação Rota da Uva também oferece esse serviço.

“Aos que vêm sozinhos, indico seguir pela avenida Humberto Cereser. A via é a artéria principal do passeio e tem vários empreendimentos para conhecer, além de outras propriedades ao redor”, explica Mari Bueno, uma das coordenadoras da associação.

A chegada ao passeio no interior de São Paulo também pode ser feita de trem, que sai da estação da Luz em direção a Jundiaí nos primeiros, terceiros e quartos sábados do mês. A locomotiva chega à cidade por volta das 10h30, com retorno às 16h30. Entretanto, pelo tamanho do tour e pela quantidade de locais para visitação, Mari recomenda esticar o roteiro por mais de um dia.

“Nesse período de chegada e partida do trem, é possível passar por duas adegas, um restaurante e uma loja especial. Dois dias seria o melhor para passear com calma”, explica a especialista.

Crédito: Thalita Ribeiro / Rota de Ferias

Mercedes da década de 1970 foi o transporte do 1º dia do tour

Fruta e vinho

Cercada por muito verde, a Rota da Uva no interior de São Paulo se destaca pela produção de uvas de mesa.  As bebidas feitas com outras espécies, como cabernet e merlot, são feitas com frutas importadas do Sul do Brasil.

Entre produções artesanais (chamadas de coloniais) e de maior escala, o Rota de Férias visitou 9 das 10 adegas do percurso turístico. A maioria delas foi idealizada por famílias italianas que vieram refugiadas na Europa no final do século 19. Confira os atrativos de cada uma delas:

1. Adega Martins

Em meio a um café da manhã com gostinho de comida caseira, a família Martins contou que a produção é tradição na família desde 1966. “Meu sogro era meeiro de uva. Nessa época, ele veio para cá e começou a produzir. Primeiro, para a família e alguns amigos. Depois, as pessoas começaram a conhecer e quiseram comprar”, conta Silvia Regina Martins, esposa de Amarildo Martins, que toca a produção no local.

Amarildo explica que foi no sítio de seu pai que a uva niagára, espécie de mesa muito cultivada na região, sofreu uma mutação. “Originalmente, ela é branca e vinda dos Estados Unidos. Por volta de 1930, ela começou a surgir rosada, por influência do clima da região”, afirma.

Atualmente, a vinícola fabrica vinhos que vão dos secos aos suaves. O espaço também oferece cafés da manhã coloniais, com vista para parte do parreiral. “Produzimos cerca de cinco mil litros por ano. Costumo dizer que não vendo a bebida, vendo história engarrafada”, comenta Amarildo. A expectativa é de que, em breve, a casa comece a trabalhar com vinhos finos.

Crédito: Divulgação

Amarildo Martins e Silvia Regina Martins, casal que está à frente da adega

2. Adega Beraldo Di Cale

Os bambuzais da entrada dão um ar de tranquilidade à Adega Beraldo Di Cale. A história do local começou em 1927, quando o italiano Beraldo foi para Jundiaí. “Entrei nos negócios da família em 2000. Fui bancária e trabalhei no Banespa. Quando ele foi privatizado, meu pai me chamou para fazer vinho”, conta Solange Paolini, neta do fundador da produção.

A adega já está na quarta geração da família e conta com fabricação de vinhos finos, como os feitos com uvas cabernet, merlot e malbec. Elas são trazidas do Sul, mas há planos para produção local.

Vale destacar que, recentemente, a Beraldo di Cale teve autorização para fabricar espumante com a uva niagára. “Nós éramos barrados pelo Ministério da Agricultura, pois era proibido fazer espumante com uva de mesa. Eles só podiam ser feitos com chardonnay ou pinot noir”, explica Ariana Sgarioni, que faz parte da quarta geração da família Di Cale.

Divulgação

Ariana Sgarioni, quarta geração, e Solange Paolini, terceira geração, ambas á frente da adega

3. Fontebasso

A adega colonial Fontebasso produz bebidas artesanais há mais de 100 anos. “Meu avô veio ao Brasil com 18 anos. Ele quis voltar para a Itália, mas acabou comprando essas terras aqui e começou a plantar uva, além de fabricar vinho”, comenta Rodinei Fontebasso, que faz parte da terceira geração da família.

O vinho que mistura a uva corvina (de mesa) com a chamada Maximus IAC é um dos sabores mais marcantes do pedaço. A Maximus IAC é uma fruta criada pelo Instituto Agronômico (IAC), que fundiu as espécies seibel e a corvina. O resultado dessa mistura é uma bebida seca, mas com toque suave ao final.

Thalita Ribeiro / Rota de Férias

Vinhos da família Fontebasso

4. Sítio da Família Vendramin

O Sítio da Família Vendramin consome praticamente tudo que produz. Frutas, embutidos e leite são algumas das especiarias, além, é claro, das bebidas feitas com uvas. O vinho branco da família tem um tom âmbar bem singular, além de uma acidez diferenciada das outras adegas da Rota de Uva.

O espaço reserva um pequeno museu com algumas peças de família. Brinquedos, itens de cozinha e até uma máquina de escrever são encontrados na salinha que fica logo na entrada do sítio.

Thalita Ribeiro / Rota de Ferias

História a família Vendramim, que está no Brasil há mais de 100 anos

5. Vila Brunholi

O complexo turístico da família Brunholi teve início em 1889, quando o avô de Paulo Brunholi deixou a Itália e veio para o Brasil. A adega foi inaugurada em 1991, mas a produção da bebida é de bem antes, desde a década de 1950.

Atualmente, a adega produz cerca de 160 mil litros de vinho por ano e vende também para outro estados do Brasil. As opções variam entre vinhos secos, suaves, tintos, rosés, brancos e espumantes. Além de oferecer opções de degustação, o espaço tem áreas verdes, algumas redes para descansar, mini fazendinha e um restaurante, que oferece refeições deliciosas.

Divulgação

Vinhos da Adega Brunholi

6. Adega Marquesim

Conhecida pela produção artesanal, a Adega Marquesim é administrada pela terceira geração da família. Os vinhos são feitos com uvas corvina, moscato, maximus, izabel e niagra. “Costumo dizer que o meu vinho é pensado e criado aqui. Quem passeia com ele é o cliente”, afirma Evandro Marquesim, que está à frente da adega e auxilia o pai na plantação da fruta.

Atualmente, cerca de 12 mil pés abastecem a demanda do local, que chega a produzir seis mil litros por ano. O avô de Evandro, Aquilino Marquesim, foi um dos precursores na produção e está com 90 anos. “Fazíamos a bebida só pra nós. Surgiu a ideia de uma cooperativa, que nos ajudou nas questões burocráticas de vender o produto”, explica Evandro.

A adega fica dentro de um antigo tonel de vinho de 90 mil litros. Itens antigos decoram o espaço, dando um charme a mais ao local.

Thalita Ribeiro / Rota de Ferias

Plantas ao redor dão ainda mais charme à adega, que funciona dentro de um antigo barril de vinho

7. Adega Português

Se a característica da Rota da Uva de Jundiaí é ser formada por famílias italianas, essa adega é uma exceção à regra. José Coelho Capitão chegou ao Brasil em 1964, com a esposa, diretamente da Ilha da Madeira, em Portugal. A produção de vinho já era algo familiar, e ele quis retomar a tradição quando chegou ao País.

“A fruta brasileira é diferente da cultivada na Terrinha. Um dia minha mãe bateu a uva em um liquidificador, a espremeu em pano de prato e fez o vinho”, explica a filha Angela Coelho Moniz, que está à frente dos negócios.

A casa conta com vinhos secos e suaves, brancos e tintos. O Cooler e o Tintatum são os diferenciais do local. O primeiro é uma bebida refrescante, à base de vinho branco e com um toque de pêssego. “Ele tem graduação alcoólica mais baixa e é ótimo para ser tomado em um dia quente de verão”, comenta Angela.

Já o Tintatum, também chamado de Tradição, é um licor europeu. Sua receita está na família há anos. “Ele tem um paladar diferente porque leva vinho, uva passa, vagem da baunilha e chá preto”, explica Angela. A bebida é mais encorpada e chega a amarrar um pouco na boca.

Crédito: Thalita Ribeiro / Rota de Ferias

Angela Coelho Moniz, que está à frente da adega

8. Galvão

A Galvão é outra adega que tem a terceira geração à frente dos negócios. Antônio Carlos Galvão Jr. é neto de Alcindo Galvão, italiano que começou a plantação de uva e produção de vinho. A bebida passou a ser vendida em meados dos anos 1950.

“Entre 2010 e 2011, meu avô adoeceu e acabou falecendo. Isso aqui praticamente morreu junto com ele e eu, vendo de longe, me entristecia muito. Em 2016, fui mandado embora do meu antigo trabalho e vim para a adega. Era o que eu precisava para entrar de cabeça no negócio”, conta Antônio Carlos.

O local, que preserva várias características de época, também produz cachaças e cervejas.

Divulgação

Vinhos da família Galvão

9. Adega Maziero

De acordo com a associação Rota da Uva, a Adega Maziero é a que mais atrai visitantes espontaneamente. O local oferece degustação feita diretamente dos barris de vinhos espalhados pelo salão. A família, que também veio da Itália, está no terreno desde 1888.

O destaque fica por conta da bebida do Papa. Tanto Bento XVI quanto Francisco tomaram os vinhos rosé de mesa suave fabricados em 2007 e 2013, respectivamente.

“Se eu fico orgulhoso? Não tem nem dúvida! Sou a primeira pessoa que serviu um vinho para um Papa no Brasil”, comenta Pedro Maziero, filho do fundador do espaço. A bebida servida aos dois líderes da igreja católica é bastante suave e levemente adocicada.

Outro destaque da adega é a produção e venda do pão de vinho, disponível na época no período de safras da uva bordô. Lembra um pouco o panetone, mas a massa é mais macia e conta com um creme branco, misturado a uma espécie de geleia de uva. Vale a pena levar um pra casa.

Divulgação

Pedro Maziero, orgulhoso ao contar sobre o vinho dos papas




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