Economia Titulo Empréstimos
Financiadoras da região cobram juros de até 236%

Levantamento do Diário feito no Grande ABC aponta números importantes na hora de se fazer empréstimo

Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
09/03/2009 | 07:05
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Financeiras da região chegam a cobrar até 236% de juros, por ano, nos empréstimos pessoais. A reportagem do Diário percorreu oito empresas do ramo e fez simulações de empréstimos no valor de R$ 1.500 (veja tabela ao lado).

Quem já precisou fazer um empréstimo, ou mesmo faz compras nas regiões centrais do Grande ABC - onde se concentram a maioria das instituições financeiras -, sabe. Vale tudo para atrair a atenção do cliente. Muitas financeiras contratam funcionários para realizar uma verdadeira caça. Com pranchetas e folhetos, a abordagem chega a ser agressiva e a disputa é acirrada. "Você precisa de dinheiro agora? Entre e consiga", prometem os agentes publicitários, na tentativa de convencer os clientes.

Mas a advogada do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), Maria Elisa Novais alerta para a prática de juros abusivos. "Na hora do aperto é difícil distinguir quais são as melhores opções de empréstimos. Porém, ao contrair uma dívida, o consumidor precisa estar atento para não mergulhar em um abismo", destaca. "O receio do cheque especial e do empréstimo em bancos é válido, porém é preciso colocar na balança", completa (veja tabela dos juros bancários ao lado).

As financeiras seguem estipulações do BC (Banco Central) e em caso de abusos, os consumidores podem recorrer judicialmente. "Mesmo depois de assinar o contrato, o consumidor que achar que está sendo extorquido deve procurar órgãos como o Idec e Procon para sanar dúvidas e recorrer contra abusos", informa a advogada.

Com as incertezas geradas pela crise econômica mundial, algumas financiadoras diminuíram o valor dos empréstimos e a quantidade de prestações. Além disso, as exigências aumentaram. A lista de documentos foi ampliada. Além de documento de identidade, CPF, comprovantes de renda e endereço, algumas instituições financeiras chegam a pedir históricos de contas - como os últimos três meses pagos da fatura do cartão de crédito e das contas de água e luz.

Para a advogada do Idec, a prática não é ilegal, mas contém restrições. "É uma forma de garantia para as financiadoras, porém, o manuseio desses documentos deve ser absolutamente sigiloso, como forma de comprovar adimplência do cliente".

Constrangimento - Em todas as financiadoras que a reportagem percorreu, as restrições para os autônomos era maior. "Isso é um fato lógico, mas quem se sentir constrangido também pode reclamar aos órgãos de defesa do consumidor. Afinal, o papel das financiadoras é realizar empréstimos, não julgamentos", esclarece Maria Elisa.

Refinanciar dívidas está difícil

A América Latina foi a região que mais teve dificuldades para encontrar financiamento de suas dívidas no Exterior entre novembro e fevereiro. A queda está fazendo até mesmo com que a ideia de um fundo de investimentos regional para financiar a região seja colocado em compasso de espera.

Medida - Alguns países da região pretendiam criar, no Banco de Compensações Internacionais, um fundo para a emissão conjunta de papéis da região no mercado internacional.

O plano surgiu em 2008. Mas, diante da crise, o projeto pode levar mais tempo que o previsto para que se torne realidade. No Brasil, é ainda visto como um projeto distante de ser concretizado. Outros países na região, como a Argentina, esperam pelo estabelecimento do mecanismo para tentar atrair recursos.

Segundo dados do BIS (Bank for International Settlements), a crise está levando a uma queda importante no volume de emissões de papéis dos mercados emergentes.

A maior redução na tentativa de pegar empréstimos no Exterior foi sentida na América Latina no último trimestre de 2008. Diante das dificuldades no mercado global de créditos, a região repagou US$ 11 bilhões. A Argentina foi responsável por US$ 7 bilhões.

No total, as economias emergentes repagaram suas dívidas em US$ 23 bilhões em termos líquidos no último trimestre de 2008. Três meses antes, essas economias haviam tomado empréstimos de US$ 12 bilhões.

Um dos poucos a sair ao mercado em busca de empréstimos foi o México, com emissões de US$ 2 bilhões. Na Ásia, o pagamento da dívida totalizou US$ 5 bilhões.

A deterioração das atividades econômicas nos emergentes ainda foi refletida nas Bolsas. A América Latina foi uma das poucas a registrar ganhos, mas de apenas 3% entre novembro e fevereiro. Na Europa Central, a queda das ações foi em média de 17%. Só a Bolsa na República Tcheca perdeu 24%.

O impacto também foi sentido no mercado de câmbio. As moedas da Rússia, Polônia, Hungria e outras tiveram fortes depreciações em relação ao dólar. O Leste Europeu, praticamente dependente da economia da Europa Ocidental, ainda apresenta problemas cada vez maiores para financiar seus déficits em conta corrente e pagar os serviços da dívida.

Os bancos que faziam esses empréstimos eram de países que hoje encontram-se em profundas crises. O BIS admite que os spreads (a diferença entre o custo de captação do dinheiro para os bancos e a taxa cobrada do cliente) relacionados aos mercados emergentes cederam em janeiro, em comparação ao pico atingido em outubro. Mas a melhoria foi sentida principalmente nos papéis soberanos na Ásia e alguns papéis latino-americanos. (da AE)




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