Atualizado às 15:18

A nova presidente da FUABC (Fundação do ABC), Regina Maura Zetone, irá fazer um pente-fino na gestão anterior da instituição. A declaração foi dada em live nesta quinta-feira (13) na página no Facebook do Diário, a primeira entrevista concedida após tomar posse.

Segundo Regina, a previsão é de que um diagnóstico seja divulgado no prazo de 30 dias. "(Vamos) ver quais são os contratos necessários para a fundação. Não perder o foco na região, porque vários contratos em outros municípios acabam tirando o foco de prestação de serviço pelo qual a fundação foi criada, que é manter a Faculdade Medicina do ABC de uma forma correta, dar toda a condição de inovação para os alunos aprenderem e o corpo discente ter a condição adequada para ensinar. E a gente ter o foco na saúde da região do Grande ABC. A fundação se tornou uma grande prestadora de serviços de qualidade", defendeu.

Contratos atuais com cidades da Baixada Santista, por exemplo, devem passar por reavaliação. "Cada um desses é avaliado e (são) retirados apenas aqueles que não estão condizentes com os preceitos da fundação e que tem alguma coisa que não esteja de acordo com aquilo que a fundação se propõe em termos de transparência, competência, qualidade, retidão, austeridade", declarou.

A gestora pública disse ainda que a transparência deve ser uma das marcas da sua gestão. “A gente tem que ser muito racional com os recursos públicos. O conselho de curadores é o verdadeiro gestor de todo esse dinheiro que vai estar circulando pela fundação. Transparência hoje já não é mais uma vantagem, é uma obrigação. Ninguém tem que esconder nada de ninguém”, defendeu.

Clique aqui e assista à conversa na íntegra.

Escolha

Regina Maura é especializada em ginecologia obstetrícia, com pós-graduação em economia da saúde. A médica também se especializou em auditoria da saúde. Atuou como secretária de Saúde de São Caetano durante as gestões passsadas de José Auricchio Júnior.

Os prefeitos de Santo André, São Bernardo e São Caetano decidiram ontem indicar Regina Maura como nova presidente da entidade para o biênio 2022-2023. Os três municípios são mantenedores da FUABC. Os chefes do Executivo das três cidades, respectivamente, são os tucanos Paulo Serra, Orlando Morando e José Auricchio Júnior.

Conforme o prefeito de Santo André, município que teria direito à indicação à presidência da FUABC para os próximos dois anos, o nome de Regina Maura surgiu após os três chefes do Executivo avaliarem outros profissionais ligados à saúde que atuam na região. Eles teriam chegado ao consenso de que a pessoa deveria ter perfil técnico. “Avaliamos diversos nomes na região e buscávamos um quadro técnico. Utilizamos também critérios exigidos pelo MP (Ministério Público), que tem influência neste tipo de nomeação”, declarou. Desde 2019, a FUABC se mantém atrelada a TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado com o MP. “Sabemos que a Regina Maura é um nome ligado a São Caetano, mas, antes disso, ela é uma gestora de saúde pública. Tem grande trajetória na área e isso ajudou muito em sua indicação”, comentou. 

Biênio 2020-2021

Regina Maura substituirá Adriana Berringer Stephan, que ficou marcada por gestão polêmica. Durante o biênio em que esteve à frente da instituição, nos últimos dois anos, foi alvo de denúncia de fura-fila no plano de prioridade da vacinação contra a Covid-19. Funcionários de setores administrativos teriam sido incluídos na lista de imunização. Em maio do ano passado, a Polícia Civil chegou a instaurar inquérito para investigar a denúncia, mas o processo foi arquivado por falta de indícios.

Já em ação mais recente, a Câmara de Santo André elaborou comissão parlamentar para investigar mudança de dispositivo no regimento da FUABC, que deu a Adriana Berringer plenos poderes para indicar nomes a cargos de gerência. Após o dispositivo ser modificado, a então presidente escolheu o médico Adilson Cavalcante para comandar o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. 

A indicação do médico causou desgaste na imagem de Adriana, já que ela poderia nomear qualquer profissional sem que o designado passasse por crivo do corpo técnico do hospital. Adriana sustentou que não modificou o dispositivo e que a mudança seguiu orientações estabelecidas pelo TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) acertado com o MP (Ministério Público). 

A comissão parlamentar da Câmara entendeu que a mudança no regimento não foi ilegal, mas deixou as nomeações para cargos de comando bem menos “transparentes”, o que prejudicou a questão “democrática” nas indicações. O grupo de vereadores chegou a ouvir Adriana Berringer Stephan e o médico Adilson Cavalcante. Relatório com o resultado da apuração deve ser entregue no fim deste mês na Câmara.