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Salles e o novo desafio
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
15/10/2006 | 21:14
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Depois de obter expressiva votação nas urnas, com 56.195 votos, o advogado Raimundo Salles (PFL) – que concorreu a deputado federal – já se prepara para a próxima empreitada política: é desde já candidato à Prefeitura de Santo André em 2008. “Tenho obrigação de continuar na vida pública para dar uma satisfação aos meus eleitores”, justifica.

E ele já tem adversária de sua preferência, com quem acredita que irá polarizar a eleição: a atual vice-prefeita Ivete Garcia (PT). “Eu gostaria de enfrentá-la”, admite.

Para ele, sua votação no município (foi o candidato a federal mais votado, com 29,2 mil votos) representa um “recado” do eleitor de Santo André. “A cidade quer mudança e caminha para um tipo de política voltada para o sistema capitalista-social, com a defesa dos valores da família, ética e iniciativa privada.” Salles completa: “Tem uma grande parcela da população que não se sente representada pela Prefeitura.” O advogado usa como explicação o fato de 30% de seus votos terem sido obtidos na região central do município.

Usando o mesmo critério, ele acha que o deputado federal Luiz Carlos da Silva, o Professor Luizinho (PT), que não conseguiu se reeleger, acabou sendo responsabilizado pelo modelo político praticado em Santo André. “Esse modelo está esgotado e ele acabou sendo julgado pelos 12 anos de exaustão do PT na cidade.”

O pefelista já tem, inclusive, plataforma de governo que apresentará ao eleitorado em sua campanha: resgate da atividade econômica do município, combate ao endividamento da Prefeitura e recuperação da máquina pública, com diminuição de cargos em comissão.

Salles não acredita que o fato de ter retornado à Prefeitura de São Bernardo, onde reassumiu o posto de secretário de Comunicação, seja visto de forma negativa pelo eleitor de Santo André. “Eu atendi a um chamado do prefeito William Dib (PSB). Tinha algumas tarefas para terminar de executar e já havia o compromisso de eu retornar à secretaria, independentemente do resultado das urnas”, explica. “O eleitor de Santo André entende e tem orgulho em ver alguém que ama a cidade tendo seu valor reconhecido em outro município.”

Ainda assim, o futuro candidato a prefeito de Santo André diz que a “contribuição” para São Bernardo tem prazo para terminar: “Em algum momento, isso se esgota. Vai haver o momento para eu me dedicar ao projeto de apresentar minha candidatura a Santo André, mas ainda não tem data.”

Mesmo com a definição da disputa, Raimundo Salles acha que ainda é cedo para pensar em alianças. Ele não confirma os rumores que o aproximam do ex-deputado federal Duílio Pisaneschi (PTB), andreense que também está lotado no Executivo de São Bernardo. “Tenho o maior respeito por ele, mas não temos conversado sobre política. Entendo que ainda é prematuro falar em coligações. O momento é de cada um apresentar suas propostas, mas entendo que o cenário político de Santo André pede renovação.”

Sistema perverso – Apesar de se dizer satisfeito com seu desempenho em sua primeira participação direta na vida política, Salles demonstra uma ponta de insatisfação pela não-eleição no dia 1º. “A coligação era muito pesada. Se tivesse em outros partidos, como o PV, teria sido eleito deputado federal. Meu sentimento de frustração é de observar que o sistema brasileiro acaba sendo perverso, já que tive mais votos do que 255 deputados que se elegeram.”

Ele revela: “Cheguei a receber convite do prefeito Clóvis Volpi (PV) para disputar pelo PV, mas segui à risca a determinação de Dib, que pediu que eu entrasse no PFL”.

Oitavo suplente da coligação, o advogado não tem esperança de assumir uma cadeira em Brasília. “A gente não pode ter uma expectativa que não tenha relação com a realidade do momento. Não posso ficar choramingando. Só lamento que Santo André não tenha eleito nenhum deputado federal.” Sobre sua não- eleição, Salles é taxativo: “Não fui eleito porque faltou voto”, admite o advogado, sem meias palavras.



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