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São Paulo, Estado blindado
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
02/11/2010 | 08:56
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O desenvolvimento do Estado de São Paulo nos últimos anos, promovido por sucessivas gestões do PSDB, as descrença dos eleitores no discurso petistas e a desconfiança da população sobre os nomes do PT apresentados nas eleições estaduais tornam a mais rica das federações brasileiras uma ilha inatingível pelo partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O território paulista é comandado pelo tucanato desde 1995, quando Mário Covas assumiu o Palácio dos Bandeirantes. Antes disso, foi liderado por políticos de outros partidos, mas nunca por representante do PT. É um tabu.

A legenda criada em 1980 no Grande ABC fez quase de tudo para conquistar o governo de São Paulo. Desde propostas radicais, passando por tentativas de desconstrução da imagem do PSDB de bom gestor, até chapas encabeçadas com os principais nomes petistas.

Dentre os companheiros que concorreram ao posto de governador estão Lula (1982), Eduardo Suplicy (1986), Plínio de Arruda Sampaio (1990), José Dirceu (1994), Marta Suplicy (1998), José Genuíno (1992) e Aloizio Mercadante (2006 e 2010).

Nas eleições 2010, inclusive, mais uma prova da blindagem antipetista apresentada nas urnas pelo eleitorado de São Paulo, mesmo com toda a popularidade de Lula e da campanha milionária: vitória de Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno na disputa estadual e sucesso de José Serra (PSDB) sobre Dilma Rousseff (PT) nos dois turnos da corrida presidencial (40,66% a 37,31% na votação do dia 3; e 54,05% a 45,95% dia 31).

Em 2014, mais um nome será lançado. Ou para fazer história ao vencer o pleito, ou para virar estatística de mais uma derrota. As possibilidades são muitas, mas a repetição de Mercadante e a renovação com Luiz Marinho (atual prefeito de São Bernardo) são as mais ventiladas no momento.

Sobre a receptividade negativa ao PT no maior Estado da América do Sul, o cientista político Rui Tavares Maluf observa que a população paulista "tem um olhar diferenciado" para as propostas petistas.

"O nível de desenvolvimento atingido e o consequente êxito do PSDB nas administrações passadas dificultam o entendimento de mudança. Mas não há tanta resistência como no passado, pois hoje o PT está no poder em alguns grandes municípios", analisa o professor de gestão pública da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

"E, aliado à falta de confiança do eleitorado nos nomes, o PT ainda tem algumas bandeiras que transmitem algo antiquado", completa Maluf.

Para a cientista política Maria do Socorro Souza Braga, além desses fatores, a forte classe empresarial de São Paulo tem rejeição às propostas de políticas públicas sociais petistas. "São os poderosos, que detém o controle da maior parte dos recursos financeiros. São mais ligados ao DEM e PSDB."

Especificamente sobre as eleições 2010 no Estado, a professora da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) alerta para o grande número de abstenções e votos nulos e brancos, que somados chegaram a 7.519.513 (24,82% do total). "É uma outra parcela do eleitorado que se demonstra descontente."




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