Maria Beatriz Rinaldi Lobato - ou simplesmente Beá - tem 1,77 m e é loira de olhos verdes. As características poderiam transformá-la na garota mais popular da escola; isso se não existissem os óculos, o cabelo armado, a magreza e a timidez excessiva para estragar tudo.

Francisco Dornelles - mais conhecido como Chico -, por outro lado, é descolado, mas também tem problemas. O mais recente é a perda do melhor amigo, algo que o deixou muito chateado. O que aconteceu? Chico resolveu contar para ele que era gay.

Os adolescentes são protagonistas do livro Do Jeito que a Gente é (Editora Ática, 184 págs., R$ 25,90). A história nasceu depois que a autora Márcia Leite se deu conta de que faltavam personagens homossexuais na literatura juvenil brasileira. "O menino e a menina homossexual não se vêem representados nos livros", explica.

Entretanto a obra não trata somente deste assunto. Beá, por exemplo, nunca está satisfeita com a aparência; tem baixa autoestima e, para piorar, a mãe só a critica. Na escola, integra o time dos excluídos. Você deve saber como alguns adolescentes podem ser cruéis com gente como ela. Chico também tem noção e, por isso, fica com tanto receio de ‘sair do armário'.

Apesar dos temas complexos, o livro não tem nada de carrancudo. Consegue tratar tudo de modo bem-humorado. É fácil dar risada com os pensamentos dessa galera. Segundo Márcia, a intenção era justamente essa. Usar o humor para aproximar o leitor da história. Beá e Chico são muito diferentes, mas isso não vai impedir o nascimento de uma grande amizade. Juntos vão descobrir que a adolescência é uma fase difícil mesmo e que não há como fugir dela. Mas, mesmo com todas as decepções, descobrem a coragem e o amor próprio que não imaginavam possuir.