Prefeiturável de Sto.André não acredita que debandada
no PSDB cause fraqueza ao apoio do tucanato ao PDT
Candidato a prefeito de Santo André pelo PDT, o advogado Raimundo Salles minimiza a debandada do grupo do vereador Paulinho Serra do PSDB, considerando que a saída do parlamentar não causará impacto no processo. “Em hipótese alguma.” Segundo o pedetista, a aprovação de 97% do diretório tucano em apoio à aliança e, consequentemente, indicando o vice na chapa, com Ricardo Torres, demonstra direção oposta às declarações de Paulinho. “Apenas 14 se desfiliaram, entre os quais seis assessores do parlamentar, num universo de 4.500 filiados. Ele é jovem, brilhante, de muito futuro, mas intempestivo”, afirmou, comparando o caso de Paulinho com o da ex-vice-prefeita Ivete Garcia (PT). “Ela aceitou o resultado (...) Sendo que naquela ocasião (2007), a força política da Ivete fez com que o prefeito João Avamileno (PT) perdesse quase a sua totalidade de secretários.” Em resposta, ele analisa que a adesão tucana ao projeto pedetista, aliada à presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) no palanque durante a campanha, resultará em seu ingresso no segundo turno. “Entendo que as três candidaturas são extremamente competitivas (a sua e as de Aidan Ravin, PTB, e Carlos Grana, PT) e tudo pode acontecer nessa eleição. Será muito apertado, só que essa união (com o tucanato) dará outra dinâmica à nossa campanha.”
DIÁRIO - Como o sr. avalia que a adesão do diretório estadual do PSDB irá pesar no processo eleitoral?
RAIMUNDO SALLES - É fundamental. A decisão do PSDB dá outra dinâmica à campanha do PDT, que já vinha com força considerável de seis partidos. O sétimo (PSDB) vai coroar aquilo que podemos chamar da maior coligação de Santo André em número de partidos e em número de candidatos. Dá credibilidade, dá sustentação e traz votos.
DIÁRIO - A estadual tucana confirmou a inserção do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na sua campanha. Quanto o sr. mensura que esse fato irá agregar eleitoralmente?
SALLES - Só existem hoje duas figuras públicas capazes de permitir transferência de votos tamanho seus prestígios: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Alckmin, como todas as pesquisas assim demonstram. Estar nos panfletos, cartazes, palanque com o Alckmin, certamente é fator decisivo para que a gente possa disputar a eleição com igualdade de condições com as duas máquinas (municipal com o prefeito Aidan Ravin, e federal, com Carlos Grana).
DIÁRIO - Qual a avaliação que o sr. faz do cenário eleitoral agora, com a consolidação das convenções partidárias?
SALLES - Entendo que as três candidaturas são extremamente competitivas (Salles, Aidan e Grana) e tudo pode acontecer nessa eleição. Vejo a disputa bem apertada. Não desconsidero. Qualquer um desses pode ficar de fora. Aidan e Grana têm sua força. O PTB possui a máquina e o PT é partido forte. Eu tenho a maior coligação. Alguns fatores são importantes. O primeiro item apontado em pesquisas é o índice de intenção de voto do candidato. O segundo, a rejeição. Em terceiro, o índice de opção de segundo voto. As candidaturas são construídas em cima de ideias e também de máquinas partidárias. Hoje tenho duas máquinas partidárias fantásticas: unimos o PDT, que tem a Força Sindical junto ao Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, e o PSDB que tem grande penetração na classe média da cidade.
DIÁRIO - Com a saída do vereador Paulinho Serra do PSDB, esse apoio tucano não chega rachado em Santo André?
SALLES - Em hipótese alguma, pois nós tivemos a aprovação de 97% na convenção do PSDB no sábado. O PSDB de Santo André tem mais de 4.500 filiados. Pelo que tenho conhecimento apenas 14 se desfiliaram oficialmente, entre os quais seis assessores do parlamentar. Ele é jovem, brilhante, de muito futuro, mas intempestivo. Acredito que a vida vai lhe ensinar que a construção partidária é tão importante quanto a construção do voto. Podemos usar, como exemplo, a ex-vice-prefeita Ivete Garcia (PT), que (em 2007) perdeu por 11 votos a indicação para o Vanderlei Siraque (PT), porém democraticamente aceitou o resultado e permaneceu no PT. Ele tem de entender que o respeito às instâncias partidárias é algo importante na vida dos políticos.
DIÁRIO - Tratando sobre esse quesito lembrado, em 2008, a maioria do PT considera que a perda da Prefeitura se deu pela falta de adesão do grupo da Ivete à candidatura de Siraque.
SALLES - Isso é verdade. Mas são casos diferentes. Naquela ocasião, a força política da Ivete fez com que o prefeito João Avamileno perdesse quase a sua totalidade de secretários (13 dos 16 titulares entregaram os respectivos cargos). O que não ocorreu nesse caso do PSDB. De 4.500 filiados, somente 14 deixaram a legenda, alguns até desativados da vida pública, não disputam mais eleição, nem construção partidária.
DIÁRIO - O Paulinho Serra considerou que os principais responsáveis pela debandada são o coordenador regional tucano, William Dib, e o presidente da executiva local, Ricardo Torres, que, segundo ele, apequenaram o PSDB. A possível parcela de culpa na saída desse grupo pode prejudicar o desempenho da sua campanha?
SALLES - Em primeiro lugar, o Dib é o padrinho político dessa união (PDT/PSDB). Ele é um dos políticos mais brilhantes da história do Grande ABC, articulador nato, que foi acusado injustamente pelo Paulinho de vender a candidatura própria do PSDB para o Aidan Ravin, sendo inclusive processado criminalmente por causa disso. A história provou que a informação era mentirosa, pois, de fato, nem o PSDB nem o Dib acabou apoiando o Aidan. Como poderia estar vendido? Em segundo lugar, o Dib tem sido injustiçado por figuras políticas, inclusive por um deputado da região (Orlando Morando), que considero um dos homens mais ingratos da política regional: deve tudo ao Dib. E hoje a cria se volta contra o criador. Quanto ao Ricardo Torres também injusta a declaração, visto que pelo que sei na reunião do PSDB, de sábado, foi justamente ele quem evitou temporariamente a expulsão do Paulinho do partido por entender que não era oportuna a discussão do tema.
DIÁRIO - Paulinho afirmou que sua candidatura é coadjuvante nesse processo, ao citar que a eleição será polarizada entre PTB e PT. O sr. sente que as afirmações são para atingir o vice?
SALLES - Admiro o Paulinho, considero uma boa pessoa, mas inexperiente na análise política. Tenho certeza que fez análise com o fígado. Vou procurá-lo e pedir humildemente que me dê a oportunidade de conhecer suas ideias para melhorar Santo André, pois o que está em jogo não é a vaidade pessoal, mas um projeto para a cidade. Entendo que isso não passa de ato preparatório para declinar apoio à candidatura do Carlos Grana a prefeito. Situação que já vinha sendo costurada antes mesmo da convenção e é notória no meio político. Mas respeito a decisão. É um direito dele buscar outro caminho, pois se ele quer o Grana, o que posso fazer? Gostaria de tê-lo ao meu lado.
DIÁRIO - O sr. vai disputar a quarta eleição seguida. A partir disso, o Paulinho considerou não aderir à sua candidatura por não representar nada novo para o panorama eleitoral. Como se defende dessas declarações, tendo em vista que pesquisas apontam por renovação dos quadros?
SALLES - Hoje sou mais maduro. Se cometi erros, procuro refletir e fazer com que caminhos se tornem mais fáceis para a vitória. A ideia de que estou indo para a quarta eleição prova minha persistência e tenacidade. Quero lembrar Abraham Lincoln, que colecionou série de derrotas e sem dúvida foi o maior presidente dos Estados Unidos. Bem como o próprio Lula, que perdeu quatro eleições majoritárias (entre governador e presidente) e depois se mostrou um grande presidente.
DIÁRIO - O sr. substituiu duas vezes o vice (Cícero Firmino, o Martinha – PDT – Edgard Brandão – PSC – e agora escolheu Ricardo Torres). Não foi precipitado? Não fica uma situação ruim esse troca-troca?
SALLES - A gente tem de fazer as boas escolhas na hora certa. O Martinha é o maior avalizador da minha campanha. Foi vice do Siraque, grande líder e responsável da minha entrada no PDT. Edgard é vice dos sonhos de qualquer prefeito. Preparado, honesto e educado. Todos que passaram por essa posição continuam me apoiando e foram na convenção partidária. Tenho orgulho de tê-los ao meu lado e certamente farão parte do meu governo.
DIÁRIO - O PDT trabalha com a possibilidade de haver pedido de impugnação da chapa pelo Ricardo Torres não morar em Santo André, como obriga a legislação?
SALLES - Quero esclarecer que ele é advogado, registrado na OAB de Santo André. Tem residência, viveu, nasceu, cresceu em Santo André. Ele simplesmente trabalhava em São Paulo e a esposa também trabalhava na Capital. Quem conhece a mobilidade de ir para São Paulo e retornar sabe das dificuldades disso a todo momento. Ele é presidente do PSDB há dois anos e tem atividade intensa, com reuniões semanais no partido, e nunca teve questionamento sobre isso. Essa é a famosa intriga da oposição e é evidente que não irá prosperar.
DIÁRIO - Como está sendo analisada a saia justa do PSDB com o declarado apoio do PDT ao PT num eventual segundo turno, caso o sr. não passe para a etapa final do processo?
SALLES - Tenho excelente relacionamento com o Grana, bem como admiro o Aidan, médico de sucesso e prefeito eleito pelos seus méritos. Assim, essa hipótese de apoio perde o sentido nesse momento porque nós temos a certeza de que vamos para o segundo turno.
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