Política Titulo Entrevista
Saída de Paulinho do PSDB
não tem impacto, diz Salles

Prefeiturável de Sto.André não acredita que debandada
no PSDB cause fraqueza ao apoio do tucanato ao PDT

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
04/07/2012 | 07:16
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Candidato a prefeito de Santo André pelo PDT, o advogado Raimundo Salles minimiza a debandada do grupo do vereador Paulinho Serra do PSDB, considerando que a saída do parlamentar não causará impacto no processo. “Em hipótese alguma.” Segundo o pedetista, a aprovação de 97% do diretório tucano em apoio à aliança e, consequentemente, indicando o vice na chapa, com Ricardo Torres, demonstra direção oposta às declarações de Paulinho. “Apenas 14 se desfiliaram, entre os quais seis assessores do parlamentar, num universo de 4.500 filiados. Ele é jovem, brilhante, de muito futuro, mas intempestivo”, afirmou, comparando o caso de Paulinho com o da ex-vice-prefeita Ivete Garcia (PT). “Ela aceitou o resultado (...) Sendo que naquela ocasião (2007), a força política da Ivete fez com que o prefeito João Avamileno (PT) perdesse quase a sua totalidade de secretários.” Em resposta, ele analisa que a adesão tucana ao projeto pedetista, aliada à presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB) no palanque durante a campanha, resultará em seu ingresso no segundo turno. “Entendo que as três candidaturas são extremamente competitivas (a sua e as de Aidan Ravin, PTB, e Carlos Grana, PT) e tudo pode acontecer nessa eleição. Será muito apertado, só que essa união (com o tucanato) dará outra dinâmica à nossa campanha.”

 

DIÁRIO - Como o sr. avalia que a adesão do diretório estadual do PSDB irá pesar no processo eleitoral?

RAIMUNDO SALLES - É fundamental. A decisão do PSDB dá outra dinâmica à campanha do PDT, que já vinha com força considerável de seis partidos. O sétimo (PSDB) vai coroar aquilo que podemos chamar da maior coligação de Santo André em número de partidos e em número de candidatos. Dá credibilidade, dá sustentação e traz votos.

 

DIÁRIO - A estadual tucana confirmou a inserção do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na sua campanha. Quanto o sr. mensura que esse fato irá agregar eleitoralmente?

SALLES - Só existem hoje duas figuras públicas capazes de permitir transferência de votos tamanho seus prestígios: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Alckmin, como todas as pesquisas assim demonstram. Estar nos panfletos, cartazes, palanque com o Alckmin, certamente é fator decisivo para que a gente possa disputar a eleição com igualdade de condições com as duas máquinas (municipal com o prefeito Aidan Ravin, e federal, com Carlos Grana).

 

DIÁRIO - Qual a avaliação que o sr. faz do cenário eleitoral agora, com a consolidação das convenções partidárias?

SALLES - Entendo que as três candidaturas são extremamente competitivas (Salles, Aidan e Grana) e tudo pode acontecer nessa eleição. Vejo a disputa bem apertada. Não desconsidero. Qualquer um desses pode ficar de fora. Aidan e Grana têm sua força. O PTB possui a máquina e o PT é partido forte. Eu tenho a maior coligação. Alguns fatores são importantes. O primeiro item apontado em pesquisas é o índice de intenção de voto do candidato. O segundo, a rejeição. Em terceiro, o índice de opção de segundo voto. As candidaturas são construídas em cima de ideias e também de máquinas partidárias. Hoje tenho duas máquinas partidárias fantásticas: unimos o PDT, que tem a Força Sindical junto ao Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, e o PSDB que tem grande penetração na classe média da cidade.

 

DIÁRIO - Com a saída do vereador Paulinho Serra do PSDB, esse apoio tucano não chega rachado em Santo André?

SALLES - Em hipótese alguma, pois nós tivemos a aprovação de 97% na convenção do PSDB no sábado. O PSDB de Santo André tem mais de 4.500 filiados. Pelo que tenho conhecimento apenas 14 se desfiliaram oficialmente, entre os quais seis assessores do parlamentar. Ele é jovem, brilhante, de muito futuro, mas intempestivo. Acredito que a vida vai lhe ensinar que a construção partidária é tão importante quanto a construção do voto. Podemos usar, como exemplo, a ex-vice-prefeita Ivete Garcia (PT), que (em 2007) perdeu por 11 votos a indicação para o Vanderlei Siraque (PT), porém democraticamente aceitou o resultado e permaneceu no PT. Ele tem de entender que o respeito às instâncias partidárias é algo importante na vida dos políticos.

DIÁRIO - Tratando sobre esse quesito lembrado, em 2008, a maioria do PT considera que a perda da Prefeitura se deu pela falta de adesão do grupo da Ivete à candidatura de Siraque.

SALLES - Isso é verdade. Mas são casos diferentes. Naquela ocasião, a força política da Ivete fez com que o prefeito João Avamileno perdesse quase a sua totalidade de secretários (13 dos 16 titulares entregaram os respectivos cargos). O que não ocorreu nesse caso do PSDB. De 4.500 filiados, somente 14 deixaram a legenda, alguns até desativados da vida pública, não disputam mais eleição, nem construção partidária.

 

DIÁRIO - O Paulinho Serra considerou que os principais responsáveis pela debandada são o coordenador regional tucano, William Dib, e o presidente da executiva local, Ricardo Torres, que, segundo ele, apequenaram o PSDB. A possível parcela de culpa na saída desse grupo pode prejudicar o desempenho da sua campanha?

SALLES - Em primeiro lugar, o Dib é o padrinho político dessa união (PDT/PSDB). Ele é um dos políticos mais brilhantes da história do Grande ABC, articulador nato, que foi acusado injustamente pelo Paulinho de vender a candidatura própria do PSDB para o Aidan Ravin, sendo inclusive processado criminalmente por causa disso. A história provou que a informação era mentirosa, pois, de fato, nem o PSDB nem o Dib acabou apoiando o Aidan. Como poderia estar vendido? Em segundo lugar, o Dib tem sido injustiçado por figuras políticas, inclusive por um deputado da região (Orlando Morando), que considero um dos homens mais ingratos da política regional: deve tudo ao Dib. E hoje a cria se volta contra o criador. Quanto ao Ricardo Torres também injusta a declaração, visto que pelo que sei na reunião do PSDB, de sábado, foi justamente ele quem evitou temporariamente a expulsão do Paulinho do partido por entender que não era oportuna a discussão do tema.

 

DIÁRIO - Paulinho afirmou que sua candidatura é coadjuvante nesse processo, ao citar que a eleição será polarizada entre PTB e PT. O sr. sente que as afirmações são para atingir o vice?

SALLES - Admiro o Paulinho, considero uma boa pessoa, mas inexperiente na análise política. Tenho certeza que fez análise com o fígado. Vou procurá-lo e pedir humildemente que me dê a oportunidade de conhecer suas ideias para melhorar Santo André, pois o que está em jogo não é a vaidade pessoal, mas um projeto para a cidade. Entendo que isso não passa de ato preparatório para declinar apoio à candidatura do Carlos Grana a prefeito. Situação que já vinha sendo costurada antes mesmo da convenção e é notória no meio político. Mas respeito a decisão. É um direito dele buscar outro caminho, pois se ele quer o Grana, o que posso fazer? Gostaria de tê-lo ao meu lado.

 

DIÁRIO - O sr. vai disputar a quarta eleição seguida. A partir disso, o Paulinho considerou não aderir à sua candidatura por não representar nada novo para o panorama eleitoral. Como se defende dessas declarações, tendo em vista que pesquisas apontam por renovação dos quadros?

SALLES - Hoje sou mais maduro. Se cometi erros, procuro refletir e fazer com que caminhos se tornem mais fáceis para a vitória. A ideia de que estou indo para a quarta eleição prova minha persistência e tenacidade. Quero lembrar Abraham Lincoln, que colecionou série de derrotas e sem dúvida foi o maior presidente dos Estados Unidos. Bem como o próprio Lula, que perdeu quatro eleições majoritárias (entre governador e presidente) e depois se mostrou um grande presidente.

 

DIÁRIO - O sr. substituiu duas vezes o vice (Cícero Firmino, o Martinha – PDT – Edgard Brandão – PSC – e agora escolheu Ricardo Torres). Não foi precipitado? Não fica uma situação ruim esse troca-troca?

SALLES - A gente tem de fazer as boas escolhas na hora certa. O Martinha é o maior avalizador da minha campanha. Foi vice do Siraque, grande líder e responsável da minha entrada no PDT. Edgard é vice dos sonhos de qualquer prefeito. Preparado, honesto e educado. Todos que passaram por essa posição continuam me apoiando e foram na convenção partidária. Tenho orgulho de tê-los ao meu lado e certamente farão parte do meu governo.

 

DIÁRIO - O PDT trabalha com a possibilidade de haver pedido de impugnação da chapa pelo Ricardo Torres não morar em Santo André, como obriga a legislação?

SALLES - Quero esclarecer que ele é advogado, registrado na OAB de Santo André. Tem residência, viveu, nasceu, cresceu em Santo André. Ele simplesmente trabalhava em São Paulo e a esposa também trabalhava na Capital. Quem conhece a mobilidade de ir para São Paulo e retornar sabe das dificuldades disso a todo momento. Ele é presidente do PSDB há dois anos e tem atividade intensa, com reuniões semanais no partido, e nunca teve questionamento sobre isso. Essa é a famosa intriga da oposição e é evidente que não irá prosperar.

 

DIÁRIO - Como está sendo analisada a saia justa do PSDB com o declarado apoio do PDT ao PT num eventual segundo turno, caso o sr. não passe para a etapa final do processo?

SALLES - Tenho excelente relacionamento com o Grana, bem como admiro o Aidan, médico de sucesso e prefeito eleito pelos seus méritos. Assim, essa hipótese de apoio perde o sentido nesse momento porque nós temos a certeza de que vamos para o segundo turno.




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