Economia Titulo
Dornelles: reajuste do mínimo é negativo para economia
Do Diário do Grande ABC
14/04/1999 | 13:39
Compartilhar notícia


O ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, rejeitou nesta quarta, na Comissao do Trabalho da Câmara, a proposta de aumento nominal do salário mínimo. Ele reafirmou para os parlamentares da comissao que nao se aumenta salário por decreto, lei ou medida provisória. Segundo o ministro, o aumento nominal do salário mínimo teria o efeito desatroso de provocar o desemprego no Nordeste, e de aumentar o déficit da Previdência Social.

Dornelles apresentou ainda os seguintes números: dos 73 milhoes da populaçao economicamente ativa, 35 milhoes estao na economia informal. Dos 20,6 milhoes de trabalhadores com carteira assinada, apenas 1,6 milhao recebem salário mínimo. No setor público, dos 7,7 milhoes de funcionários, apenas 1,2 milhao recebem o salário mínimo.

O impacto do aumento nominal do mínimo, segundo o ministro, alcançaria apenas 2,8 milhoes de trabalhadores, a maioria deles localizada nas regioes Norte e Nordeste do país. Dornelles explicou que o aumento nominal apenas faria com que as prefeituras mais pobres e os estados demitissem trabalhadores. O ministro lembrou aos parlamentares que dos 18,2 milhoes de aposentados 12,2 milhoes recebem o salário mínimo e que cada Real de aumento do mínimo implicará em uma elevaçao da despesa mensal da Previdência Social de R$ 12,2 milhoes. O ministro declarou ainda na comissao que é favorável ao aumento da renda do trabalhador. "Só discordo da forma como isso deve ser feito", disse Dornelles.

Segundo ele, o aumento da renda do trabalhador só se dará dentro de um processo de crescimento econômico e de ganho de produtividade. O ministro do Trabalho admitiu ainda, durante audiência pública na Comissao do Trabalho, na Câmara, que a economia informal está crescendo e mudando de perfil. Segundo ele, até alguns anos atrás apenas os trabalhadores que nao conseguiam emprego na economia formal estavam na informal. Hoje, de acordo com Dornelles, a realidade é outra. "Na economia informal estao trabalhadores que ganham bem e nao querem ir para economia formal", declarou.

Para Dornelles isso prova que grande parte dos trabalhadores brasileiros já rejeitou a atual legislaçao trabalhista do país. "Se a legislaçao trabalhista nao for mudada rapidamente, os sindicatos vao acabar", disse Dornelles, relatando aos parlamentares que já vem recebendo no Ministério pedidos de registro de sindicatos da economia informal. Na opiniao do ministro, os sindicatos estao perdendo espaço, porque nao têm poder de negociar direitos do trabalhador.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;