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Frentista é profissão
de risco na região
Paula Cabrera
do Diário do Grande ABC
09/05/2011 | 07:07
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O medo domina o trabalho de frentistas em todo o País. Na região, os 500 postos de combustíveis sofrem, em média, três assaltos por mês, o que deixa os 3.000 profissionais do setor na mira constante das armas de fogo dos assaltantes, transformando a função em profissão de risco. Não há registros de mortes, mas a apreensão é constante.

Aliado ao medo, os baixos salários -, em média cada funcionário recebe R$ 964 mensais por oito horas diárias de trabalho, seis dias por semana, mais R$ 94 de auxílio periculosidade -, fazem com que a rotatividade da categoria seja alta, segundo o sindicato dos Frentistas do Grande ABC. A estimativa é que o tempo médio de permanência no emprego fique entre um e dois anos.

 "É um trabalho que não te dá previsão de crescimento. Nós mesmos recomendamos que os profissionais estudem e procurem algo em outra área", desabafa o presidente da entidade Miguel Gama Neto.

Cerca de 90% dos frentistas no Grande ABC são homens, com segundo grau completo e com até 40 anos de idade. São profissionais como Ricardo Paulínio, 19 anos, que começou a trabalhar em um posto de São Bernardo como algo temporário, enquanto busca outro emprego. "Melhor estar aqui do que ficar em casa. O salário é razoável, mas trabalhar com público e sem segurança é complicado", diz ele, que está na profissão há seis meses.

Delma da Silva Barreto, uma das poucas mulheres na função no Grande ABC, alerta que o medo maior é a reação dos assaltantes que são surpreendidos pelo baixo valor disponível em caixa. "Não temos mais do que R$ 200 na mão. O dinheiro é sempre retirado da frente do posto e colocado no cofre. Não sabemos o que vai se passar na cabeça do assaltante nessa hora", avalia.

Exceção no setor de alta rotatividade, João Batista Lemos está no ramo há 20 anos e já nem se lembra mais do número de assaltos que presenciou. "Posso dizer que só no mês passado foram cinco. Como hoje sou o responsável pelo caixa, fico na linha de frente e quando um carro estranho encosta por aqui, dá medo", afirma ele, que trabalha em Santo André.

A categoria não recebe adicional pelo risco da profissão. "Temos lutado muito pela aposentadoria especial, com 25 anos de profissão. Está no Congresso, mas não há prazo para votação", salienta o sindicalista Neto.

Para tentar minimizar os problemas e manter o quadro de profissionais, alguns postos estão apostado na contratação de seguranças particulares e monitoramento por câmeras 24 horas. "É um custo maior, mas bancamos porque os assaltos são ruins, tanto para profissionais quanto para os donos de postos", ressalta o presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo), José Antônio Gonzalez Garcia.

Loja de conveniência e caixa de banco elevam perigo para trabalhador

Os números da falta de segurança nos postos de combustível da região são alarmantes. Além dos assaltos motivados pelo alto montante de dinheiro que tem nesses lugares e as próprias lojas de conveniências, o número de ocorrências por conta dos caixas eletrônicos aumentou consideravelmente no Grande ABC.

Somente neste ano foram dez assaltos a esse tipo de equipamento. O uso de explosivos tem sido recurso comum dos ladrões, o que aumenta os riscos para os funcionários. "Temos combustível nesses locais. A qualquer momento teremos uma tragédia", argumenta o presidente do Regran.

A cidade de Mauá lidera o de explosão aos caixas, com cinco ocorrências. Em seguida vem Santo André, com três, e São Bernardo e Diadema, com uma ocorrência cada.




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