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'O Retorno do Rei' é consagrado no Globo de Ouro
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
26/01/2004 | 19:40
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A Terra Média está em festa. É nesse lugar fantástico, oriundo da cachola do escritor britânico J.R.R. Tolkien (1892-1973), que se passa O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei, o grande consagrado da 61ª edição do Globo de Ouro, realizada na noite deste domingo no Beverly Hilton, em Los Angeles. O longa-metragem de Peter Jackson teve um aproveitamento de 100%, ou seja, levou os prêmios de todas as categorias às quais fora indicado na cerimônia organizada pela HFPA (sigla em inglês para Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood).

Após o oba-oba de domingo, a equipe de O Senhor dos Anéis leva mais champanhe para gelar, pois o filme desponta já como favorito para o Oscar 2004, em 29 de fevereiro, cujos candidatos serão conhecidos nesta terça-feira, às 12h05 (horário de Brasília, com transmissão do SBT), em anúncio oficial de Frank Pierson, presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, e da atriz Sigourney Weaver.

O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei levou os quatro Globos que disputava: melhor filme dramático, diretor (Peter Jackson), trilha sonora e até canção original – honra concedida a Into the West, uma amolação em forma de new age cantada por Annie Lennox. Começa a cumprir-se o oráculo hollywoodiano que, dois anos atrás, apontava que a trilogia O Senhor dos Anéis só granjearia láureas quando estivesse concluída, pois haveria reticência por parte dos colegiados do Globo e do Oscar em recompensar uma obra inconclusa. Eis o (início do) reconhecimento.

Sobre o repeteco da performance de O Retorno do Rei no Oscar, ainda há dúvidas. Neste ano, o Globo de Ouro, considerado o mais confiável dispositivo de medição para o prêmio da Academia, pode ter sua influência reduzida já que os votantes do Oscar entregaram as cédulas com os finalistas no último dia 17, uma semana antes da premiação da HFPA.

A seu favor, O Retorno do Rei conta com a boa vontade da crítica norte-americana e a gorda bilheteria. Oscarizá-lo significaria homologar a singeleza narrativa e a overdose sensorial que Peter Jackson adota para escancarar os cânones do cinemão.

No território das comédias, a noite foi de Encontros e Desencontros, novo filme de Sofia Coppola (As Virgens Suicidas). Além de melhor película cômica, teve recompensados o desempenho do ator Bill Murray e seu roteiro, prêmio que Sofia agradeceu remetendo-se ao pai, Francis Ford Coppola: “Ele é um grande professor”.

Dos atores de filmes com apelo dramático, sobressaiu o trabalho de Sean Penn em Sobre Meninos e Lobos, filme que teve ainda o desempenho de Tim Robbins laureado como ator coadjuvante. O diretor Clint Eastwood subiu ao palco para receber o Globo no lugar do ausente Penn, sabidamente avesso a cerimônias. Clint, no entanto, deu outra justificativa para a falta: “problemas familiares”.

Charlize Theron, enfeada para viver uma dublê de prostituta e serial killer em Monster, levou o Globo destinado à melhor atuação feminina. Isso na categoria drama, porque entre as atrizes de comédia a melhor foi Diane Keaton, uma cinqüentona apaixonada pelo sessentão vivido por Jack Nicholson em Alguém Tem de Ceder. E Cold Mountain, favorito da noite com oito indicações, decepcionou. Levou somente o prêmio de atriz coadjuvante, para Renée Zellweger.

Obra do diretor Sedigh Barmak, Osama – que no pôster norte-americano é veiculado como “o primeiro filme afegão após a queda do Talibã” e “uma história que não podia ser contada até agora (entenda-se, até a intervenção militar dos Estados Unidos)” – levou a melhor entre os filmes estrangeiros. Nas entrelinhas, sua premiação referenda a política externa do país que abriga o Globo de Ouro. E Angels in America, minissérie sentenciada como uma das mais relevantes experiências audiovisuais da atualidade, monopolizou as atenções entre as produções televisivas. Dirigida por Mike Nichols e baseada em texto de Tony Kushner, levou as premiações de melhor realização para TV, melhores atuações masculinas (Al Pacino e Jeffrey Wright) e femininas (Meryl Streep e Mary-Louise Parker).




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