Lideranças tucanas de São Bernardo, o secretário municipal de Esportes e parlamentar licenciado, Alex Mognon, e o presidente da Câmara, Pery Cartola, declararam abertamente defesa ao movimento ‘Bolsodoria’, fenômeno identificado em pesquisas de intenção de voto no qual figuras manifestam voto conjugado às candidaturas de João Doria (PSDB) ao governo de São Paulo e Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, a despeito do projeto do correligionário Geraldo Alckmin. Eles gravaram vídeo, divulgado nas redes sociais, oficializando o apoio infiel ao capitão da reserva.

“Pessoal, quatro dias para a eleição, dia 7 de outubro chegando, estou vindo aqui para pedir apoio de vocês para que o Brasil vá para o caminho certo. A minha bandeira não é vermelha do PT, não. A minha bandeira é verde e amarela, igual a gente que é do bem. Para isso, vou votar Bolsonaro 17 (para presidente) e João Doria 45 ao governo do Estado”, disse Mognon, em vídeo, com a Bandeira do Brasil ao fundo da sala, e mencionando, na sequência, a dobrada oficial do Paço como seus candidatos a deputado. A estagnação de Alckmin nos levantamentos teria influenciado o deslocamento de peças. Na sondagem do Ibope de ontem, o ex-governador aparece com 7% de intenções de voto, na quarta colocação, fora do protagonismo do processo.

Pery repetiu a tese do ex-colega de Legislativo e relatou proposta de diminuir força política do PT, inclusive para candidaturas futuras do partido na cidade. “Estou aqui para compartilhar (o apoio) os nossos candidatos. Para deputada estadual é Carla Morando (PSDB), nossa primeira-dama; para deputado federal, Marcelo Lima (PSD), nosso vice-prefeito. Para governador João Doria e para presidente e para o PT não voltar nem agora, em 2018, nem em 2020 para São Bernardo, é Bolsonaro neles. Fora PT”, sustentou o presidente da Câmara.

Em tentativa de diminuir o movimento do ‘Bolsodoria’, o diretório paulista do PSDB sinalizou ter aberto processo interno no conselho de ética para avaliar expulsão contra alguns militantes do tucanato que têm declarado abertamente adesão ao candidato do PSL, porém ainda não referendou decisões a respeito.

Cabe lembrar que a executiva estadual desligou sumariamente o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB), por ter manifestado apoio e voto no atual governador do Estado e candidato à reeleição, Márcio França (PSB), em detrimento do projeto próprio do tucanato, com Doria.

Questionado sobre a gravação, o dirigente do Legislativo são-bernardense justificou que a linha de raciocínio “é o voto útil” contra o projeto petista, encabeçado por Fernando Haddad. O resultado da eleição do dia 7, segundo Pery, “vai impactar diretamente em 2020”. “Existe tendência e aqui (na região) tem cinturão vermelho do PT. Estamos trabalhando dentro desta ideia. Não tem outra opção de candidatura (viável) contra o PT”, alegou o tucano. Mognon não foi localizado para comentar as declarações relacionadas ao vídeo. Ele retornou ao secretariado em agosto, após desistir, assim como Pery, de entrar no páreo proporcional.