A duas semanas do recesso parlamentar em Santo André, a Câmara praticamente parou. As sessões, há pelo menos um mês, têm servido mais como palanque político para defesa de posições do que a um propósito mais pertinente, como a discussão e votação de projetos ao povo.

A oposição, formada exclusivamente pela bancada do PT, responsabiliza a "letargia" do Executivo pela morosidade nos trabalhos. A base de sustentação, por sua vez, tem outras justificativas.

O fato é que o Legislativo não está oficialmente em recesso branco - quando há sessões, os parlamentares recebem salário, mas inexistem votações - porque vez ou outra é aprovado projeto dos próprios vereadores, em sua maioria, inconstitucionais.

Para o presidente da Casa, Sargento Juliano (PMDB), o ritmo do Legislativo andreense é equiparado ao das demais câmaras do Grande ABC. "Não há diferença." O peemedebista responsabiliza os trâmites legais pelos quais um projeto tem de ser submetido até ser colocado em votação. "Não depende muito de nós. É preciso respeitar os prazos legais para que as comissões emitam pareceres. Está tudo sob controle."

Vereador pelo PTB (sigla do prefeito Aidan Ravin), Gilberto Wachtler, o Gilberto do Primavera, defende mudança urgente nos legislativos. "Tudo, ou quase tudo, apresentado por nós esbarra na legalidade. Isso desgasta a nossa imagem, além de nos deixar em situação desconfortável."

Na opinião do situacionista Paulinho Serra (PSDB), a Câmara não está improdutiva, e sim em "ritmo menos acelerado". "Este é o resultado de quando a discussão é puramente política."

Os petistas culpam o prefeito. "A morosidade ocorre em função da falta de projetos. O Aidan não manda projetos porque não os tem. E isso reflete na Casa, a qual acaba ficando sem rumo", observou Tiago Nogueira.

Líder do PT na Casa, Jurandir Gallo vai além. "O governo está sem prumo. Não sei como avaliar. Talvez, não precisem nem de lei. De repente, tudo está do jeito que gostariam", ironizou.

Aidan não comentou.