O ex-primeiro-ministro Sher Bahadur Deuba, deposto pelo rei do Nepal em fevereiro, foi condenado nesta terça-feira a dois anos de prisão por corrupção. A notícia está sendo interpretada como nova manobra política contra a oposição pró-democrática.

Deuba, que governava o país desde junho de 2004, foi deposto no dia 1º de fevereiro pelo rei Gyanendra, que passou a ter poderes absolutos e impôs diversas restrições às liberdades individuais, o que motivou a condenação por parte da comunidade internacional.

O ex-primeiro-ministro foi condenado a dois anos de prisão devido ao fechamento de um contrato irregular no valor de US$ 13,1 milhões para a construção de uma estrada, como parte de um projeto maior, de edificação de um estaleiro. O ex-ministro do Trabalho, Prakash Man Singh, também foi considerado culpado da mesma acusação.

"Os dois foram condenados a dois anos de prisão e ao pagamento de multa de 90 milhões de rúpias (US$ 1,26 milhão), cada um, por corrupção", disse o presidente da comissão, Bhakta Bahadur Koirala. Quatro outras pessoas foram condenadas neste processo a penas que vão de um a dois anos de prisão.

Deuba, que havia de recusado a comparecer diante da comissão, voltou a se declarar inocente, fazendo referência a um "assassinato" político. "Nós não aceitaremos o veredicto, vamos contestá-lo e lutar por isso", declarou.

Os sete principais partidos políticos do Congresso democrático nepalês, que foi dirigido por Deuba, decidiram se unir em maio para que a democracia fosse restabelecida.

Além da corrupção, o rei justificou seu golpe de estado como uma medida necessária para abafar a rebelião de guerrilheiros maoístas iniciada em 1996. A partir desta data pelo menos 12 mil pessoas morreram em ondas de violência no Nepal.